Carnaval impulsiona oportunidades de renda extra em Salvador

Faltando pouco menos de uma semana para o Carnaval, muitos ainda buscam formas de faturar um dinheiro extra. Com a cidade repleta de turistas e um clima propício para o consumo, diversas oportunidades surgem, desde o comércio ambulante até a prestação de serviços especializados.

Para quem deseja comercializar bebidas e comidas nos circuitos oficiais, o prazo para obtenção da licença já expirou. No entanto, o SineBahia oferece vagas para cordeiros, profissionais responsáveis por guiar as cordas dos blocos. Na última sexta-feira (21), havia 400 vagas disponíveis, com 117 candidatos já encaminhados para entrevista. Os interessados podem comparecer nesta segunda-feira (24) a uma das unidades do SineBahia.

De acordo com o serviço de intermediação de emprego, não é necessário ter escolaridade ou experiência, mas é preciso disponibilidade para trabalhar durante os seis dias de Carnaval. Os selecionados recebem um kit com lanche, Equipamento de Proteção Individual (EPI) — incluindo fones auriculares, luvas e coletes — além de uma diária de R$ 110,00 e água mineral durante o percurso da folia.

O SineBahia também abriu 50 vagas temporárias para vigilantes, mas todas já foram preenchidas. No Serviço Municipal de Intermediação de Mão de Obra (SIMM), foram ofertadas 100 vagas para auxiliares de limpeza, que foram rapidamente ocupadas.

“O processo seletivo atraiu 200 candidatos. A empresa contratante buscava profissionais com ensino fundamental completo, seis meses de experiência e disponibilidade de horário”, informou Eduarda Lomanto, diretora do Trabalho e Empreendedorismo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Renda (Semdec).

Muitos optam por atuar de forma autônoma, seja nos arredores dos circuitos ou em seus próprios bairros. Costureiras especializadas na customização de abadás têm grande procura neste período.

Joselita Bastos, facilitadora de uma oficina de customização de abadás promovida pela Prefeitura-Bairro do Resgate, em parceria com o Parque Social, destaca que essa pode ser uma ótima forma de garantir uma renda extra.

“Dá tempo, sim! É só avisar as pessoas, divulgar na internet, no WhatsApp, falar com os amigos e pedir indicações. Dá muito tempo para ganhar dinheiro, porque é um trabalho rápido. Basta ter o material necessário para a customização”, afirma.

O faturamento pode chegar a R$ 500 ou mais por pessoa. Os materiais básicos incluem cola, fitas, adereços e tecidos chamativos, principalmente dourados, que são os mais procurados pelos foliões.

“O dourado deixa o abadá mais bonito e chamativo. Hoje em dia, também há muitas cores vibrantes que dão um efeito maravilhoso. Então, a gente combina os tons para deixar tudo bem feito e atrativo”, explica Lita.

Para muitas, a customização não se limita ao Carnaval. Segundo a facilitadora, algumas alunas transformaram a atividade em um negócio fixo e continuam faturando durante o ano.

Cuidadores de idosos têm alta demanda no Carnaval

Outra área que registra um crescimento expressivo é o setor de cuidadores de idosos, especialmente para aqueles que trabalham de forma autônoma e são chamados de última hora. Carol Barbosa, 42 anos, atua como cuidadora há 10 anos e percebeu que a procura aumenta nessa época.

“Sempre sou chamada para trabalhar, seja por um dia ou durante todo o Carnaval. Como sou autônoma, divulgo com antecedência nas redes sociais e evito marcar outros compromissos nesse período”, conta.

A diária da profissional, que em dias normais fica em torno de R$ 100, pode triplicar durante a folia. Carol explica que o cálculo depende das necessidades físicas do idoso e da localização da residência, já que bairros próximos ao circuito dificultam a locomoção.

“Não tem como não aumentar o valor, até porque tudo fica mais caro na cidade. Se eu atender um idoso que mora na Graça, por exemplo, sei que terei dificuldades para chegar e sair. Tudo isso precisa ser calculado”, observa.

A Ammo Enfermagem, especializada no setor, confirma o aumento da demanda. Angelina Oliveira, enfermeira e diretora da clínica, afirma que a procura cresce até 70% neste período.

“O principal motivo é a viagem dos tutores. Muitos vão para locais de praia e não podem levar os idosos devido às acomodações e ao impacto da mudança de rotina. Dependendo da patologia, isso pode ser um transtorno tanto para o idoso quanto para a família”, explica.

A procura aumenta à medida que o Carnaval se aproxima, e muitas vezes não há profissionais suficientes para atender a todos. A empresa prioriza clientes recorrentes, mas recebe solicitações de turistas que planejam a estadia com até dois meses de antecedência.

O setor de alimentação também é uma aposta para quem deseja faturar durante o Carnaval. Dejane Leles, moradora de São Caetano, já trabalha com bolos, doces e salgados, mas viu na culinária baiana uma nova oportunidade de negócio.

Após participar de oficinas do Parque Social, ela decidiu vender abará temperado durante a folia. “Sempre gostei de acarajé e abará, então resolvi participar da oficina. Aprendi a preparar a massa, temperar, cozinhar e enrolar na palha”, conta.

Dejane ainda não definiu se venderá nos circuitos do Carnaval ou em seu próprio bairro, mas está confiante na nova empreitada. Outra alternativa lucrativa é o aluguel por temporada. Sheila Martinez, professora e moradora do bairro Politeama, aluga sua casa de dois quartos durante o Carnaval e fatura até R$ 5 mil.

“Alugo minha casa todos os anos para a mesma família capixaba. Já os conheço, então é mais tranquilo. Com esse dinheiro, faço melhorias no espaço e pago condomínio e IPTU. São duas contas a menos”, brinca.

Para quem deseja alugar a casa de última hora, Sheila recomenda aceitar apenas hóspedes por indicação, como forma de garantir segurança.

“É preciso preparar a casa, retirar objetos de valor e realocar itens com importância sentimental. Afinal, não sabemos a intenção das pessoas. Tudo deve ser bem planejado para que o negócio seja vantajoso”, orienta.