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Em conexão com a Bahia, fundação de Paulo Coelho e Christina Oiticica inaugura espaço para exposição na Suíça

Mundialmente consagrado o escritor Paulo Coelho e sua mulher a artista plástica Christina Oiticica investem na arte e na cultura

  • Foto do(a) author(a) Osmar Marrom Martins
  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 16 de abril de 2025 às 08:48

Txa Txu
Txa Txu Crédito: Cau Bezerra

Com uma forte ligação com a Bahia o escritor Paulo Coelho e sua mulher, a artista plástica Christina Oiticica, inauguram no dia 27 de maio o L’Espace des Arts um novo espaço para exposições na sede da Fundação em Genebra na Suíça. A abertura será com a Exposição ‘Dichotomie’, que reúne obras de Christina Oiticica, TxaTxu Pataxó e Sergio Zalis em torno de ancestralidade, natureza e conexão simbólica. Fica em cartaz até 31 de outubro. Por meio de pinturas, grafismos e fotografias, “Dichotomie” convida à contemplação de metades que não se opõem, mas que se completam em harmonia. 

“Eu já tinha feito um trabalho com os Katukinas, na Amazônia, em 2004, com as mulheres interferindo nos meus quadros, que enterrei na aldeia. Fiquei com vontade de fazer novamente algo ligado ao Brasil. Fiz uma pesquisa e comecei a pintar círculos, que são símbolos femininos e pinturas tribais carregadas de significados de rituais. Depois integrei animais brasileiros, como a cobra, que adoro, e outros elementos da fauna. Quando pensei em expandir essa proposta, conversei com o Marcelo e ele me apresentou o TxaTxu, um artista Pataxó” revela Chistina.

E mais, prossegue: “Enviei as telas para ele, que fez a interferência e enterrou as obras na sua aldeia, sob uma gameleira, por um ano. Quando TxaTxu desenterrou e me enviou de volta, eu fiquei maravilhada ao ver as raízes da árvore marcando as telas. O trabalho estava cheio de vida. O primeiro nome que dei à exposição foi "Raízes’, porque é isso que ficou: as raízes da terra, da cultura e da arte”, conta Christina, que é uma referência em LandArt e já enterrou obras também no Japão, na Índia, no Rio de Janeiro e chegou a ter mais de cem trabalhos sob a terra no Caminho de Santiago de Compostela. O processo de co-criação começou em Genebra em 2019, passou pela aldeia Porto do Boi, em Caraíva, sul da Bahia (de abril de 2021 a agosto de 2022) e foi concluído novamente na cidade suíça.

O percurso foi registrado no curta “Raízes”, de Leonardo Barreto, exibido nos festivais de Trancoso, em 2023, Give Peace A Screen, na Itália, e Cine 73, na Bahia, em 2024. A vernissage, em Genebra, será marcada pelo primeiro encontro presencial entre Christina e TxaTxu, que até então haviam se comunicado apenas por chamadas de vídeo.

“Sou TxaTxu Pataxó, da Aldeia Porto do Boi, localizada no território Indígena de Aldeia Barra Velha, o primeiro povo a ter contato com os portugueses. Sou um jovem aprendiz e desenvolvo a arte do grafismo Pataxó. Recebi o convite da Christina para compartilhar meu grafismo com a arte dela. Foi emocionante. O resultado foi surpreendente para nós dois. Vamos seguir com a parceria”, afirma o artista de 26 anos.

A exposição se completa com as fotografias de Sergio Zalis, que retrata a floresta em sua materialidade, com imagens feitas na Scheveningse Bosjes (Haia, Países Baixos) e no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Sua técnica meticulosa revela a textura, força e complexidade da vegetação, com nitidez quase hipnótica. As imagens trazem uma força ao mesmo tempo romântica e brutal, abrindo espaço para uma contemplação profunda.

“Eu quis mostrar essa dicotomia usando micro-universos, que são essas duas florestas que têm a ver comigo. Uma aqui embaixo da minha casa, que se chama Scheveningen Bosjes. E a outra no Jardim Botânico, que também é um lugar que eu sempre frequentei. As luzes são muito diferentes, principalmente na Países Baixos. Lá você tem quatro estações que são muito marcadas, principalmente pela luz e não tem montanhas. O sol se põe muito mais devagarinho e aparece em toda a cidade até quando termina o sol, realmente some. No Rio de Janeiro é diferente, você tem montanhas em volta. Então, às vezes, são quatro horas da tarde e já não tem mais luz. Você não vê o sol. É uma luz que é rebatida pelas nuvens, ou pelo que seja. Então, as luzes são muito diferentes. Porém, a paixão que eu tenho pelas duas cidades, pelo verde, pelas florestas é a mesma também”, afirma Zalis.

Christina Oiticica
Christina Oiticica Crédito: Sérgio Zalis

Fotógrafo carioca com sólida trajetória no fotojornalismo e nas artes visuais, Sergio Zalis atuou por mais de três décadas na imprensa brasileira e internacional, cobrindo grandes eventos e temas sociais, antes de mergulhar na pesquisa autoral. Seu trabalho transita entre o documental e o poético, com especial interesse pela relação entre corpo, paisagem e memória. Participou de exposições no Brasil e no exterior, com imagens que revelam um olhar rigoroso, sensível e profundamente conectado ao tempo das coisas.

A coleção que apresenta em Genebra tem apoio do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e foi um dos projetos selecionados na chamada pública cultural da rede diplomática dos Países Baixos no Brasil, em 2024, que teve como tema "Cidades Habitáveis". "Em ‘Dichotomie’, Sergio Zalis representa a floresta como corpo físico, enquanto Christina Oiticica e TxaTxu evocam seus habitantes simbólicos, animais e grafismos corporais que ecoam saberes ancestrais. Tudo está interligado. As obras formam um ecossistema de sentidos, onde imagem, gesto e espírito coexistem em comunhão", explica o curador Marcelo Mendonça.