Violência avança no interior da Bahia

É lamentável que muitas das cidades interioranas do nosso estado que antes eram sinônimo de tranquilidade já não inspiram tanta paz

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Publicado em 26 de julho de 2024 às 05:00

Nos últimos anos, a Bahia tem testemunhado um preocupante aumento da violência urbana, impulsionado pela expansão das facções criminosas pelo estado. Não mais restritas à capital Salvador e sua Região Metropolitana (RMS), essas organizações agora avançam rapidamente pelo interior e criam um cenário de medo e insegurança para os moradores.

Recentemente, a presença do Comando Vermelho (CV) em Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia, ilustra o quão grave a situação se tornou. Essa facção, a segunda maior do país, trouxe consigo um arsenal de guerra que inclui fuzis, armas com mira laser e granadas. Essa realidade, antes associada apenas aos grandes centros urbanos, agora é parte do cotidiano de cidades do interior baiano.

Os números não mentem e são preocupantes. De acordo com o Atlas da Violência 2024, divulgado em junho, cinco das cidades mais violentas do Brasil estão na Bahia: Santo Antônio de Jesus, Jequié, Simões Filho, Camaçari e Juazeiro. As taxas de homicídios são chocantes e chegam a 94,1 por 100 mil habitantes em Santo Antônio de Jesus. No total, 11 dos 20 municípios mais violentos do país estão no estado, o que ressalta a magnitude do problema.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado na semana passada, também demonstrou que a criminalidade está, cada vez mais, presente no interior da Bahia. Segundo o estudo, das 10 cidades com as maiores taxas de mortes violentas registradas no Brasil, seis são baianas. São elas: Camaçari, Jequié, Simões Filho, Feira de Santana, Juazeiro e Eunápolis.

Apesar desses dados, a resposta do governo estadual tem sido ineficaz. A falta de uma estratégia clara e eficiente para combater a expansão das facções criminosas são evidentes. Grupos como o Bonde do Maluco (BDM), Terceiro Comando Puro (TCP), Primeiro Comando da Capital (PCC) e o próprio CV operam com relativa liberdade em diversas cidades. O BDM, por exemplo, está presente em 13 municípios, muitas vezes em aliança com o TCP, e agrava ainda mais a situação.

Nunca será demais repetir que esta é uma situação que exige uma resposta urgente e robusta. O governo estadual precisa implementar um plano de segurança pública que inclua a integração e o fortalecimento das forças policiais, investimentos em inteligência e tecnologia, e medidas para impedir a atuação dessas organizações criminosas dentro das unidades prisionais. Além disso, é essencial promover políticas sociais que abordem as causas profundas da criminalidade, como a desigualdade e a falta de oportunidades.

É lamentável que muitas das cidades interioranas do nosso estado que antes eram sinônimo de tranquilidade já não inspiram tanta paz. Não é aceitável que os moradores da Bahia vivam sob a ameaça constante dessas facções. A implementação de medidas eficazes e urgentes é fundamental para restaurar a calmaria nos municípios baianos.