Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Editorial
Publicado em 15 de novembro de 2024 às 07:43
As explosões que ocorreram na Praça dos Três Poderes nesta quarta-feira trouxeram à tona, mais uma vez, o estado de polarização e divisão que o Brasil vive. A presença de atos violentos em locais de suma importância institucional, como o Supremo Tribunal Federal, revela a extensão de um clima de ódio que ainda se dissemina pela sociedade.
Francisco Wanderley Luiz, o autor do atentado, manifestou antes de sua morte um ódio latente às instituições brasileiras, incluindo o STF e o presidente da República. A violência explícita e os discursos inflamados indicam que o Brasil segue em um caminho de intensa polarização política, onde discursos radicais encontram solo fértil para crescer e estimula ações extremas.
Desde o início de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o compromisso de pacificar o país. Em seu discurso, citou até uma mensagem do papa Francisco. Afirmou que trabalharia “sem descanso por um Brasil onde o amor prevaleça sobre o ódio”. No entanto, dois anos após a promessa, a divisão persiste, e a frustração entre os brasileiros parece crescer.
As estatísticas mostram uma nação ainda profundamente dividida. Levantamento do instituto MDA, feito a pedido da Confederação Nacional de Transporte, divulgado nesta semana, expõe que o governo petista é aprovado por 45,7% da população, enquanto 49,7% o desaprovam. Esse quadro reflete um país onde a polarização se mantém quase inalterada desde a eleição de 2022, marcada por uma diferença mínima entre os votos de Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A promessa de pacificar o Brasil, portanto, não se materializou. Em vez disso, o que se observa são atos violentos e uma economia que ainda está cambaleando sem trazer melhores reais aos brasileiros. Para além de Lula, cabe também ao Supremo Tribunal Federal e às demais instituições brasileiras um papel crucial no processo de pacificação. Uma postura mais conciliadora e um esforço coletivo para reconstruir pontes são essenciais para que o país possa se afastar de uma trajetória de violência e intolerância.