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Ferrovia é órfã de pais vivos

Onde estão os pais da Fiol, que fazem valer com o seu silêncio, a máxima de que “filho feio não tem pai”?

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  • Editorial

Publicado em 4 de abril de 2025 às 05:00

Nos últimos 15 anos, a perspectiva da implantação de uma ferrovia de 1,5 mil quilômetros cortando a Bahia no sentido Leste-Oeste, entrando pelo Brasil adentro, ajudou a reeleger Jaques Wagner como governador da Bahia em 2010, além de alçar ao posto os seus substitutos, Rui Costa, hoje ministro da Casa Civil, e Jerônimo Rodrigues, atualmente no cargo. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), hoje ameaçada de ficar inconclusa por prazo indefinido, foi o grande projeto de infraestrutura das gestões petistas. Foi, porque não é mais.

Se do ponto de vista logístico, o sonho de integração que nasceu com o engenheiro Vasco Neto teima em permanecer no papel e nas planilhas de programas como os PACs – grandiosos nas planilhas, mas pequenos de fato –, politicamente a Fiol rendeu os frutos que dela esperavam os poderosos de plantão. Foi ainda na primeira gestão Wagner no estado, entre 2007 e 2010 que os planos de um mineroduto e um terminal portuário privativo da Bahia Mineração, hoje Bamin, se transformaram na Fiol e no gigantesco Porto Sul.

Justiça seja feita, reeleito, a partir de 2011, o galego defendeu com unhas e dentes o projeto e conseguiu convencer o governo federal de que era possível fazer a ligação, necessária à Bamin, a outras empresas do setor mineral, ao agronegócio baiano, aos outros estados do Matopiba e também ao Centro-Oeste. Isso tudo, já com o seu pupilo, Rui Costa, à frente da Casa Civil e com uma equipe dedicada ao projeto.

Nas duas gestões de Costa, o discurso ainda era de prioridade ao projeto, mas a Fiol perdeu protagonismo em relação ao metrô como menina dos olhos do governador. Restou ao ex-ministro Tarcísio Freitas, que atualmente governa São Paulo, desatar o nó da concessão, praticamente assumindo o papel de pai afetivo do importantíssimo projeto de infraestrutura.

Doze anos depois que os primeiros trilhos foram colocados, surge Jerônimo prometendo concluir a obra. Eleito governador, posa triunfante ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia que marcou o início das obras perto de Ilhéus. Detalhe, o município de Aiquara, onde nasceu o governador, passou a constar no novo traçado.

Presidente da República e governador do estado apelaram para que a Bamin acelerasse as obras a fim de concluí-las até o final de 2026, quando os dois muito provavelmente devem tentar reeleição. Tem recursos do PAC, prometiam. Mas agora, diante das dificuldades enfrentadas pela mineradora em dar conta das obrigações assumidas, Lula, Wagner, Rui e companhia, nada dizem.

Será que vai se repetir na Bahia o que se viu na construção da Ferrovia Norte-Sul (FNS), que foi lançada em 1987, e concluída 35 anos depois? A Fiol já se arrasta por 15 anos e hoje não tem uma perspectiva de conclusão. Onde estão agora os pais da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, que fazem valer, com o seu silêncio, a máxima de que “filho feio não tem pai”?