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Editorial
Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 05:00
A disparada dos preços dos alimentos tem pesado cada vez mais no bolso dos brasileiros, especialmente os de baixa renda. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) mostram que a alimentação já compromete 22,6% da renda daqueles que ganham entre um e 1,5 salário mínimo. Em 2018, esse percentual era de 18,4%. O encarecimento da cesta básica agrava a sensação de perda de poder de compra e gera crescente insatisfação popular. >
Diante desse cenário, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mostra resistente em adotar medidas fiscais para reduzir os gastos públicos, o que poderia ajudar a controlar a inflação. O próprio presidente já afirmou que não pretende tomar novas ações nesse sentido. Sem cortes e sem um plano claro de contenção de despesas, o governo empurra o problema para frente, enquanto a população sofre com preços cada vez mais altos.>
Além das falhas econômicas, a gestão petista também enfrenta dificuldades graves de comunicação. A recente crise do Pix, em que rumores sobre uma suposta taxação geraram pânico, expôs a inabilidade do governo em dialogar com a população. A falta de clareza nas mensagens oficiais alimenta boatos e desgasta ainda mais a imagem do governo.>
O resultado de tantos equívocos aparece nas pesquisas. Um dos dados mais preocupantes para o governo é a queda da popularidade de Lula na Bahia, um estado que tem elegido nos últimos 20 anos gestões petistas. Pela primeira vez, a desaprovação ao governo superou a aprovação: 51% dos baianos reprovam a gestão, enquanto apenas 47% aprovam. Esse cenário reflete o impacto da inflação e da crise econômica no Nordeste, região onde Lula sempre teve ampla vantagem eleitoral.>
O fenômeno não se restringe à Bahia. A pesquisa Quaest mostra que a desaprovação de Lula cresceu também em Pernambuco e nos principais estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os dados revelam um descontentamento generalizado, impulsionado pela percepção de que o governo não transmite segurança nem apresenta soluções concretas para os problemas do país.>
Se o governo Lula quiser reverter essa tendência, precisará abandonar velhas práticas, melhorar a comunicação com a população e, principalmente, enfrentar os desafios econômicos com seriedade. A sociedade brasileira, especialmente aqueles que confiaram no presidente, espera um rumo diferente – e melhor – para os próximos anos.>