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Desvio de prioridades

Ao invés de buscar soluções para destravar a gestão, a opção do governo Lula foi por reforçar a estratégia eleitoral

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  • Editorial

Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 02:00

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vive uma contradição: enquanto o país enfrenta desafios que exigem liderança, foco e ação decisiva, a atenção do Palácio do Planalto parece estar voltada apenas para as eleições de 2026. A postura do presidente e de sua equipe reforça a impressão de que o governo, ao invés de governar, está mais preocupado em pavimentar o caminho para a reeleição.

A recente troca na Secretaria de Comunicação da Presidência escancara esse desvio de prioridades. Ao invés de buscar soluções para destravar a gestão ou fortalecer as entregas que impactam a vida da população, a opção foi por reforçar a estratégia eleitoral.

Na reunião ministerial desta semana, o próprio Lula admitiu que o governo não está entregando o que prometeu e recorreu ao desgastado argumento de que a comunicação é o problema. Contudo, não é a narrativa que carece de correção, mas a realidade. A insatisfação entre os ministros, que reclamam do difícil acesso ao presidente e da demora em decisões cruciais, reflete a paralisia da gestão. O ex-governador da Bahia e ministro da Casa Civil, Rui Costa, frequentemente apontado como o centro das dificuldades, simboliza a falta de articulação e agilidade que permeia o governo.

Na tentativa desastrosa de lidar com a inflação dos alimentos, Rui Costa ainda gerou mais uma crise na gestão petista nesta semana ao usar o termo “intervenções” nos preços. O governo precisou corrigir o discurso do petista baiano, mas o impacto na confiança já estava feito. Inflação se combate com medidas concretas, como o controle de gastos e o estímulo à produção, e não com promessas vagas.

Enquanto isso, a inflação, especialmente de alimentos, pesa cada vez mais no bolso dos brasileiros, sobretudo os mais pobres. A alta do IPCA acima da meta em 2024 e as projeções de elevação para 2025 são sinais claros de que o governo precisa agir e rápido.

Em meio a tudo isso, Lula encontra tempo para travar disputas com potenciais adversários, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, cotado para disputar a Presidência em 2026. Ao contrário de focar em melhorar a vida dos brasileiros, o presidente prefere alimentar rivalidades políticas. O ataque ao governo mineiro, aliado à comparação desmedida de si próprio com Jesus Cristo, evidencia um governante mais preocupado com a retórica eleitoral do que com a gestão do país.