Acesse sua conta

Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Recuperar senha

Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Dados não encontrados!

Você ainda não é nosso assinante!

Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *

ASSINE

Guerra de espadas tomava ruas de Cruz das Almas em 1979

Espetáculo é tradição secular em cidades do Recôncavo Baiano e também em Senhor do Bonfim

Publicado em 28 de junho de 2020 às 05:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

No primeiro São João da história do CORREIO, elas já estavam lá. Um dos elementos mais marcantes dos festejos juninos em algumas cidades do interior da Bahia, a guerra de espadas foi fotografada em 24 de junho de 1979 na cidade de Cruz das Almas.

A tradição é antiga, coisa de mais de um século, estimam estudiosos. Na imagem, capturada há 41 anos por Sonia Carmo, é evidente a mistura entre diversão e temor, característicos da guerra de espadas: o espadeiro se diverte, sem grande proteção nem medo. Já os vizinhos se dividem entre apreciar o espetáculo e se proteger das fagulhas que saem da espada de bambu. O cachorro, ali encolhido, parece assustado com a barulheira. Guerra de Espadas em Cruz das Almas no São João de 1979 (Foto: Sonia Carmo/Arquivo CORREIO) O espetáculo de luzes, no entanto, é um dos maiores encantos da guerra de espadas. O pesquisador Moacir Carvalho, que estudou a importância da guerra justamente em Cruz das Almas, diz em seu artigo 'Brincando com fogo: origens e transformações da guerra de espadas em Cruz das Almas' que, possivelmente, a guerra de espadas no Recôncavo seria "o resultado de uma síntese simbólico-material entre motivos militares e religiosos".

Mas, no local, uma reorientação funcional do objeto teria colocado a guerra de espadas em outro patamar: o lúdico, já que está inserida justamente em festejos - no caso, o do São João."Era um fogo de artifício dentre outros e, como fogo de artifício, já compunha em sua origem um quadro de um tipo de experiência excitativa, fundamentalmente noturna e que exigia do tocador algum tipo de competência corporal para se evitar queimaduras e para tornar a experiência esteticamente agradável de se ver e exibir", escreve Moacir. Espetáculo de luzes é bonito de se ver, mas provoca atendimentos a queimados todos os anos (Foto: Sonia Carmo/Arquivo CORREIO) O espetáculo, sem dúvidas, é bonito de se ver, mas não menos perigoso: todos os anos, o setor de queimados do Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, recebe dezenas de casos de pessoas feridas durante a guerra de espadas em Cruz das Almas e outros municípios.

A tradição cultural popular chegou a ser proibida pelo Ministério Público Estadual (MP-BA) em 2011, o que não impediu que a brincadeira continuasse a acontecer. Este ano, por conta da pandemia do coronavírus, até mesmo as associações de espadeiros pediram que a atividade fosse suspensa, por segurança.

Mesmo assim, a paixão fez com que alguns fossem às ruas na noite de São João.