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Cadê as putas do Bar das Putas?

Sensação do Porto da Barra, boteco de cerveja barata nunca foi ponto de prostituição. Entenda origem do apelido

  • D
  • Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2022 às 05:01

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Brigar contra um apelido sacana é como perceber que está desprotegido e entregar armas potentes ao inimigo. Na Bahia, a zombaria é serventia da casa, e tudo indicava que a casa tinha caído para os bares Solar do Porto e Sol Brilhante, no Porto da Barra, no momento em que frequentadores começaram a chamar o espaço compartilhado de Bar das Putas.

Há relatos que os alemães – empresários que mantinham os bares, além de um hotel e uma galeria ao fundo – não gostavam do epíteto, embora isso não seja consenso entre fontes ouvidas pela coluna. Há quem diga que as datas não batem, e quem sugira que os gringos não tavam nem aí. Seu Ademir Augusto Vales, atual dono do complexo que fica em frente ao Forte de Santa Maria, garante que também ‘nem tchum’ para o apelido. Na verdade, até gosta, diante do sucesso do lugar.

“Essa história de chamar aqui de Bar das Putas surgiu há uns 8 anos. Os estudantes da faculdade começaram com essa brincadeira, e pra ser sincero, eu acho positivo, porque não existe mais putas. Pra mim, nunca atrapalhou em nada. Todo mundo sabe que quem frequenta aqui são estudantes”, comenta Vales.

Garçom mais antigo (e famoso) da casa, JC Amorim confirma a versão do patrão, embora lembre que as portas não fecham para ninguém. “Aqui é puta, viado e sapatão, hétero junto e misturado. Vem pra cá que a chibata é boa”, propagandeia em vídeo bem humorado, postado num perfil de Instagram feito por frequentadores.

Na segunda passagem pelo estabelecimento – a primeira foi há mais de 20 anos –, ele reforça que o atual perfil é mesmo “o pessoal da nova geração”. “É a galera da música, da faculdade, que está fazendo acontecer. A história passada já foi, e agora fica só o boato”, comenta o funcionário.

Origem do nome Mas de onde vem o tal apelido? Ao que tudo indica, teria a ver com o perfil de frequentadores da primeira fase do comércio. Os antigos donos alemães costumavam receber, com frequência, grupos de compatriotas que ficavam hospedados no hotel. Quando chegavam, muitas moças locais costumavam se engraçar com os marmanjos no bar, sendo que uma pequena parte delas cobrava pela companhia. (Teria problema se fosse a maioria? Não teria).

Questionado sobre a versão levantada por um funcionário antigo, que preferiu não se identificar, JC Amorim confirma alguma relação.“A casa era feita mais para gringo. O brasileiro olhava o cardápio e deixava quieto, porque era tudo caro. E aí ia para outro lugar. E como ficavam muitos gringos por aqui, só eles, muitas meninas de bairros periféricos vinham... Já deu até casamentos”, explica.“Não vou dizer que nunca teve puta, mas em geral vamos dizer que unia-se o útil ao agradável. As meninas não tinham muita perspectiva, pintava um gringo que se interessava e elas iam fazer uma viagem pra Europa. Não tem nada a ver com prostituição”, complementa.

A teoria, portanto, sugere que a frequente configuração de jovens moças soteropolitanas acompanhadas de forasteiros parmalates tenha criado a fama de que se tratavam de garotas de programa, o que não procedia na imensa maioria dos casos.

Fama vai longe Mas como as pessoas chegam ao Bar das Putas se não há placa com esse nome na fachada? O boca a boca é um caminho seguro. “Hoje, se você chegar lá no Farol e perguntar onde fica o Bar Sol Brilhante, ninguém sabe. Mas se você disser onde fica o Bar das Putas…”, comenta JC, destacando que a fama do local já ganhou projeção nacional.

“Fui a São Paulo, para o casamento do meu filho, e aí gritaram do fundo do avião: ‘JC, Bar das Putas!’ Depois, eu lá no casamento, contei para um rapaz que era de Salvador, e também me reconheceu”, cita o garçom. A viagem em que se sentiu famoso foi para a união de outras celebridades: o filho e a nora – Jean Amorim e Jeniffer Nascimento –, ambos atores da TV Globo. Como pretende transformar seus anos de Bar das Putas em livro, quem sabe também não vira novela.

A fama do lugar, de fato, já vai longe, como atesta a enfermeira gaúcha Gabriela Dalenogare, 31. “Todo mundo que vem de Porto Alegre conta que veio no Bar das Putas. Se comenta ‘ah, se tu vai lá, marca com fulana pra ir no Bar das Putas, e aproveita a praia’”, menciona uma corriqueira indicação turística no Sul. 

Mas o que explica esse hype até mesmo fora da Bahia? “Com esse valor (da cerveja), é quase impossível tu não vir. E o atendimento é muito bom”, acrescenta ela, que também é trombonista no Bloco do Beijo. 

Seu amigo, o psicólogo e mestrando em educação sexual Igor Benatti, 27, sopra resposta parecida. “O preço foi o que atraiu primeiro e foi o que fidelizou. Eu sou de São Paulo, e nunca vi uma cerveja de garrafa, gelada, com o preço daqui. E sem contar que fica aberto até tarde, já que a vida noturna em Salvador é curta”, conclui, entre um brinde e outro com mais dois amigos de fora.

O Bar das Putas abre todos os dias das 11h às 2h – dependendo do movimento, vai um pouco mais. A cerveja 600 ml, no dia que a reportagem esteve no local, mês passado, custava a partir de R$ 5 (Schin). A mais cara era a Heineken, R$ 12,50. Preço do programa: a combinar.