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Antônio Meira Jr.
Publicado em 6 de março de 2025 às 13:00
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgou um comunicado manifestando preocupação com uma ação feita pela BYD na semana passada, quando desembarcou 5.524 automóveis produzidos na China no Portocel, em Aracruz, Espírito Santo. >
Sem citar o fabricante chinês, a associação diz “há cerca de um ano alertamos o governo federal sobre a necessidade de recompor imediatamente a alíquota de 35% de Imposto de Importação para veículos híbridos e elétricos, na tentativa de evitar um desequilíbrio no comércio exterior que possa afetar ainda mais a produção, os investimentos e os empregos na cadeia automotiva brasileira”. Neste momento, já há mais de 40 mil veículos de origem estrangeira em estoque no mercado brasileiro.>
Desde julho de 2024, o Importo de Importação é de 18% para elétricos, 20% para híbridos plug in e 25% para híbridos. Nenhum país com indústria automotiva instalada tem uma barreira tão baixa para as importações, o que, segundo a Anfavea “torna o nosso importante mercado um alvo fácil, especialmente para modelos que estão sendo barrados por grandes alíquotas na América do Norte e na Europa”. As tarifas são de 100% nos EUA e Canadá, e podem chegar a 48% na Europa.>
No ano passado, mais de 120 mil veículos, com origem chinesa, por exemplo, foram vendidos no mercado brasileiro, um volume três vezes maior do que em 2023, isso sem considerar os cerca de 55 mil veículos que viraram o ano em estoque.>
A associação cita que a indústria automotiva brasileira vem num ritmo de recuperação, após uma década de crises econômicas, somadas aos efeitos da pandemia. No ano passado, foram anunciados mais de R$ 180 bilhões em investimentos dos fabricantes de veículos e autopeças, boa parte para o desenvolvimento de modelos eletrificados, incluindo nesse montante o investimento de R$ 5,5 bilhões da BYD em Camaçari.>
Para justificar sua preocupação, a Anfavea declara: “sem um equilíbrio saudável na balança comercial, essa indústria que gera mais de 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos estará sob forte ameaça. Apoiamos, sim, a chegada de novas marcas ao Brasil, para produzir, fomentar o setor de autopeças, gerar empregos e trazer novas tecnologias. O que vemos, entretanto, são anúncios sucessivos de adiamento dos prazos de início de produção no país”.>
Para finalizar, a associação ratifica novamente ao governo federal o apelo para que seja apreciada, pelos órgãos competentes, a recomposição imediata dos 35% de Imposto de Importação. Diz, ainda, que é importante que a continuidade da política automotiva se concretize, por meio da publicação dos decretos do Programa Mover (Mobilidade Verde), de forma a conferir maior previsibilidade aos investimentos de nossas empresas associadas.>
Questionado pelo CORREIO, o fabricante chinês respondeu: “a BYD reforça seu compromisso com a reindustrialização do setor automotivo no Brasil, a geração de empregos e a continuidade dos investimentos no país. Desde o início de suas operações em 2015, a empresa tem expandido sua presença nacional com fábricas em Campinas (SP) e Manaus (AM), fortalecendo a cadeia produtiva e investindo na produção local de veículos e baterias. Em 2024, a BYD iniciou a construção de seu complexo industrial em Camaçari (BA), com um investimento de R$ 5,5 bilhões e a previsão de mais de 20 mil empregos diretos e indiretos”.
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Rechaçando a Anfavea, a BYD completou “os exíguos estoques atuais de veículos importados da BYD têm como objetivo atender à crescente demanda do mercado até que a produção local seja iniciada em 2025”.>