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Antônio Meira Jr.
Publicado em 20 de fevereiro de 2025 às 13:35
A Seres teve uma passagem relâmpago pelo Brasil. Chegou em julho de 2023 e já não estava mais por aqui um ano depois. Mesmo com promessas de inovação no modelo de negócios, a marca chinesa não conseguiu conquistar os consumidores e encerrou suas operações. Sua saída rápida acende um alerta importante para quem pensa em comprar um carro de uma fabricante recém-chegada ao país.>
A empresa apostava em um modelo de negócio diferente das montadoras tradicionais: sem concessionárias físicas, com vendas totalmente online. Mas a estratégia não funcionou.>
Três meses depois, a Seres mudou de direção e abriu uma loja nos Jardins, bairro nobre de São Paulo. Em seguida, em fevereiro de 2024, inaugurou outra unidade em São Conrado, no Rio de Janeiro. Ambas foram fechadas em julho do mesmo ano e, agora, até o site da marca (www.driveseres.com.br) está fora do ar.>
Segundo a Secretaria da Fazenda, os CNPJs das filiais da Seres Brasil LTDA aparecem como "Baixados", indicando que foram encerrados. O motivo oficial? "Extinção por encerramento liquidação voluntária".>
Em 2023, a marca vendeu apenas oito carros no Brasil: cinco unidades do Seres 3 e três do Seres 5. Todos foram importados de Xangai, na China.>
O consumidor precisa estar atento aos movimentos das montadoras – e isso vai muito além de um design atraente ou tecnologia de ponta. Pouco importa se a marca é chinesa, europeia ou americana. O que realmente faz diferença é sua solidez no mercado.>
Minha recomendação? Pesquise antes de comprar. Descubra a reputação da fabricante, seu tempo de atuação e quem será responsável pela revenda e manutenção do veículo. No Brasil, carros não são baratos, e quando uma marca deixa o mercado, a desvalorização do modelo costuma ser muito maior que a média.>
Apesar da ascensão de montadoras como BYD e GWM, a trajetória das marcas chinesas no Brasil tem altos e baixos. Nem todas conseguiram se firmar.>
Em 2012, a JAC Motors prometeu construir uma fábrica em Camaçari (BA) e chegou até a lançar a pedra fundamental do projeto – no terreno onde hoje funciona o Senai-Cimatec. Mas a fábrica nunca saiu do papel. O importador entrou em recuperação judicial e, atualmente, a marca opera apenas com oficinas credenciadas na Bahia, sem concessionárias no estado.>
Diferente da JAC, que ainda mantém atividades no Brasil, a Lifan encerrou suas operações definitivamente. A marca teve seu auge em 2014, quando o SUV X60 foi o chinês mais vendido do país. Mas também acumulou fracassos, como o sedã 620, que chegou com a pretensão de rivalizar com o Toyota Corolla. A empresa faliu na China em 2020.>
Outro exemplo é a Geely, trazida pelo Grupo Gandini, conhecido pelo sucesso com a Kia Motors. A marca chinesa tentou emplacar no Brasil, vendendo os modelos EC7 (sedã) e GC2 (hatch), mas não conseguiu espaço no mercado e o importador recuou. Na época, a justificativa foi a instabilidade econômica do país.>
Além dessas, outras marcas chinesas tiveram passagens discretas pelo Brasil: Brilliance, Zotye e MG (Morris Garage). A Zotye chegou a anunciar planos de construir uma fábrica aqui, mas não levou o projeto adiante. Todas alegaram dificuldades com as oscilações do mercado brasileiro para justificar suas saídas.>