Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Tudo muda para nada mudar

A depredação de valor da Petrobras vem, em boa medida, do seu uso político

Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 10:49

É de conhecimento geral que a Petrobras passou por uma crise extrema na década passada. Ficou no imaginário popular que a razão da crise foi o grande escândalo de corrupção do Petrolão – mas não é só. Na realidade, a depredação de valor da Petrobras vem, em boa medida, do seu uso político para segurar preços artificialmente, queimando o caixa da empresa para abastecer interesses eleitoreiros.

Frequentemente, a Petrobras vendia derivados importados (como os combustíveis) no Brasil a preços mais baixos do que os que a estatal pagou. Ou seja, tinha prejuízo em cada venda e quanto mais vendesse, mais perdia, em um contrassenso absurdo da lógica comercial.

Chocantemente, Paulo Roberto Costa, antigo diretor da estatal, narrou ao Congresso Nacional que o prejuízo nessas vendas chegava a mais de 20%, o que foi um fator essencial para sua longa crise.

Passados tantos anos, parece que o Brasil começa a esquecer a lição aprendida. Em 13 de janeiro de 2025, a defasagem média entre os preços de diesel da Petrobras e os preços de mercado internacional atingiu 22%. Tudo muda para nada mudar.

O que mais espanta é a indignação se voltar contra as refinarias privadas, que praticam preços naturais de mercado e não têm bolsos fundos ou suporte político para segurar preços, e não contra os dirigentes da Petrobras, que colocam em prática preços artificiais em detrimento da própria estatal.

E por que o preço internacional é relevante? Porque o Brasil não é autossuficiente na produção de derivados de petróleo, como o diesel, e se vê obrigado a importar, diariamente, 600 mil barris de derivados. Enquanto o país não for autossuficiente no refino, qualquer tentativa de “abrasileirar” os preços dos derivados é ilusória e populista, porque dependemos dos preços internacionais para o abastecimento do país.

Especificamente, dados recentes divulgados pelo mercado indicam que a “queima de caixa” da Petrobras resultou em mais de US$ 3 bi de dólares somente em 2024, ou cerca de R$ 18 bi de reais.

Estes recursos poderiam ter ido para o caixa da empresa para fortalecê-la e gerar uma arrecadação maior para o Estado, que enfrenta grande dificuldade fiscal frente aos seus gastos. Ou, ainda, serem investidos em novas capacidades de refino, adicionando capacidade de cerca de 300 mil barris por dia e, aí sim, possivelmente diminuir os preços de derivados no país.

Assim, o que está sendo feito, novamente, é o uso político da Petrobras para a criação de uma realidade falsa em que os combustíveis nacionais não seriam impactados pela alta do dólar e outras condições econômicas. É um retorno ao mais trágico capítulo da história da Petrobras. Como disse Einstein: loucura é fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes.

Evaristo Pinheiro é diretor-presidente da Refina Brasil.