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Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 05:00
O verão brasileiro, com suas temperaturas que frequentemente ultrapassam os 35°C, representa um sinal de alerta para pacientes com condições neurológicas. Essa relação é mais complexa e impactante do que muitos imaginam, especialmente em casos como enxaqueca e esclerose múltipla (EM). >
A enxaqueca afeta cerca de 15% da população e, durante o verão, a combinação de fatores como radiação UV intensa, desidratação, alterações bruscas de temperatura pode aumentar a frequência das crises em até 40%, segundo estudos recentes. Um fenômeno interessante e pouco conhecido é o “ice cream headache” ou cefaleia por estímulo frio, que ocorre quando há ingestão rápida de alimentos gelados, podendo desencadear uma crise completa de enxaqueca em pacientes predispostos. >
A esclerose múltipla apresenta uma relação ainda mais delicada com o calor através do fenômeno de Uhthoff, onde um aumento de apenas 0,5°C na temperatura corporal pode desencadear uma exacerbação temporária dos sintomas. Pesquisas recentes indicam que 80% dos pacientes com EM experimentam piora significativa dos sintomas em temperaturas acima de 30°C. >
As inovações tecnológicas têm revolucionado o manejo desses casos, com dispositivos como coletes térmicos inteligentes que mantêm a temperatura corporal constante e pulseiras com sensores de temperatura que alertam sobre riscos de superaquecimento. A hidroterapia em piscinas mantidas entre 27°C e 29°C tem se mostrado especialmente benéfica, reduzindo a fadiga em até 60% dos pacientes. >
Outro fator preocupante é a exposição prolongada à luz azul de dispositivos eletrônicos, intensificada pela luminosidade natural do verão, que pode aumentar em até 30% o risco de crises. Para gerenciar esses riscos, recomendo o uso de aplicativos de monitoramento de exposição à luz UV.>
As mudanças climáticas têm amplificado esses desafios, com dados alarmantes mostrando um aumento de 25% nas internações neurológicas durante ondas de calor. A medicina moderna tem respondido com soluções inovadoras, como a terapia de realidade virtual, que reduz em até 50% a intensidade das crises de enxaqueca, através da criação de ambientes virtuais terapêuticos. >
Além da hidratação tradicional, descobertas recentes apontam que frutas, como melancia e abacaxi, contêm compostos neuroprotetores que podem auxiliar na prevenção de crises. A melancia, por exemplo, é rica em L-citrulina, que melhora o fluxo sanguíneo cerebral em até 30%. O manejo adequado dessas condições no verão requer uma abordagem multifacetada, combinada tecnologia moderna, nutrição adequada e estratégias preventivas personalizadas. Assim é possível aproveitar a estação com qualidade de vida e bem-estar neurológico.>
Dr. Eduardo Cardoso é especialista em doenças neurodegenerativas na Clínica IBIS>