Gás Natural: a energia indispensável

Em menos de 20 anos, o consumo residencial de energia elétrica mais que duplicou no Brasil

Publicado em 3 de junho de 2024 às 05:00

O gás natural foi um dos principais temas discutidos na Feira Bahia Oil & Gas Energy 2024, realizada em Salvador. O interesse deve-se, principalmente, à necessidade do uso racional das fontes de energia existentes, com menor impacto ao meio ambiente.

A humanidade enfrenta o dilema entre necessitar cada vez mais de energia e a crescente preocupação com a sustentabilidade. É de fácil percepção que hoje usamos muito mais aparelhos de ar-condicionado, fornos, aparelhos e mesmo carros elétricos.

Em menos de 20 anos, o consumo residencial de energia elétrica mais que duplicou no Brasil, passando de 78,4 mil MWh (2004) para 167 mil MWh (2023), de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Parte da geração de energia vem de termelétricas movidas a gás natural. Mas há uma extensa gama de produtos da indústria que tem o gás natural como matéria-prima, notadamente na cadeia de fertilizantes, importante insumo para o agronegócio brasileiro.

O gás natural é considerado o melhor energético na transição para as fontes renováveis de energia. Primeiro, porque emite menos poluentes que outras fontes fósseis. De acordo com estudo do BNDES, o gás natural emite 33% menos CO2 que o óleo combustível, 27% menos que petróleo, 44% menos que o carvão e cerca de 25% menos que gasolina e óleo diesel.

Segundo, porque, por conta da maior flexibilidade de suprimento, dá maior estabilidade ao sistema elétrico, uma vez que picos de consumo podem não ser atendidos rapidamente por geração de energia das fontes eólica ou fotovoltaica. Por fim, é mais barato que outras fontes energéticas, embora no Brasil o preço esteja em patamar elevado. Estes três pilares é o que se denomina de segurança energética e dá ao gás natural as vantagens para uma transição no uso de fontes renováveis.

O alto preço do gás natural no Brasil dificulta o seu maior uso. De acordo com o último boletim do Ministério de Minas e Energia, de dezembro de 2023, o preço do gás natural vendido pela Petrobras para as distribuidoras foi de cerca de US$ 14,1 por MMBTU (mercado Henry Hub). Nos Estados Unidos, nessa mesma base de comparação, esse valor foi de apenas US$ 3,7 por MMBTU. Mesmo na Europa, com todos os problemas da guerra Ucrânia/Rússia, o preço do gás natural consegue ser mais competitivo: US$ 11,3 por MMBTU (mercado TTF).

Há uma necessidade urgente de redução dos preços do gás natural no Brasil para níveis compatíveis com o que se pratica no mundo. Nesse sentido, políticas públicas são fundamentais para minimizar os desequilíbrios de competitividade nos diferentes mercados a partir do consenso de que a economia, toda sociedade brasileira e o meio ambiente perdem com o baixo uso desse enérgico indispensável.

Carlos Danilo Peres Almeida, economista da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB)