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Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 09:48
Recentemente, bancos estadunidenses anunciaram a saída de pactos climáticos e algumas corporações extinguiram suas políticas afirmativas de inclusão e diversidade, causando temor sobre o “fim do ESG”. >
Antecipo que o ESG não acabou e não acabará! >
Acontece que muitos ainda confundem a gestão de riscos ESG com ativismo socioambiental e o ESG não se resume às empresas sediadas nos EUA. Ademais, o ESG não tem a ver com ideologia ou partidarismo, tem a ver com mapeamento, análise e mitigação de riscos relacionados aos aspectos de governança corporativa e a possíveis impactos ambientais e sociais.>
Ainda que um CEO não acredite que estamos vivendo uma era de mudanças climáticas, ainda que a mais rica nação tenha saído novamente do Acordo de Paris, é inegável que eventos climáticos extremos têm sido mais graves e recorrentes nos últimos cinco anos, impactando cadeias de produção e seguradoras.>
De janeiro a setembro de 2024, os desastres naturais causaram perdas econômicas superiores a US$ 258 bilhões e já em 2025 somente com os incêndios em Los Angeles as perdas chegam a US$ 135 bilhões (Infomoney).>
A gestão de riscos climáticos e ambientais traz oportunidades, como a de financiamento de obras de infraestrutura em cidades em todo o mundo, uma vez que se mostraram vulneráveis à série de desastres naturais ocorridos desde 2021. Isso movimenta enormes recursos financeiros e permite a geração de emprego e renda, além de proteger as cidades e a natureza.>
Sobre o pilar social, é importante lembrar que a falta de pessoas qualificadas é, hoje, segundo 4.700 CEOs de 100 países entrevistados para a 28ª Global CEO Survey da PwC, uma das principais ameaças para os negócios. Assim, investir em formação de pessoas se torna necessária ação para mitigação de risco e, ao formar trabalhadores, as empresas terminam por promover a inclusão. >
E mais, empresas listadas no mercado de capitais, com operação no Brasil ou na União Europeia, passarão a apresentar relatórios de sustentabilidade que apontarão seus riscos e ações relacionadas a governança corporativa e impactos climáticos, juntamente com suas demonstrações financeiras. Em breve, essas informações se ampliarão para impactos sobre a natureza. >
Assim, o ESG, ou qualquer outro título que se dê para a gestão de riscos de governança corporativa (é nesse ambiente que ocorrem as decisões sobre investimento) e de redução de impactos ambientais sociais, permanece necessária para qualquer negócio. >
ESG, portanto, não saiu de moda, mas é preciso que definitivamente o meio empresarial internalize que a agenda ESG não foi feita para fazer marketing e sim para qualificar as informações destinadas aos provedores de capital e investidores.>
Augusto Cruz é advogado e escritor, sócio da AC Consultoria e Treinamento Empresarial>