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Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 02:00
A contracepção é essencial para o planejamento familiar e a saúde pública. No entanto, historicamente, esse papel tem sido atribuído quase exclusivamente às mulheres. Basta observar a diversidade de métodos contraceptivos voltados para o público feminino para perceber essa tendência. Em uma sociedade que valoriza cada vez mais a igualdade de gênero, é crucial que os homens compreendam e assumam seu papel ativo na prevenção de gestações não planejadas, na proteção contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e na paternidade responsável.
O primeiro método artificial para contracepção foi a camisinha, um conhecido método de barreira destinado ao uso masculino. Entretanto, ainda hoje ela é o principal método contraceptivo masculino, já que a outra alternativa disponível é a vasectomia. Sabemos que há outras soluções em desenvolvimento, mas é essencial ir além da inovação tecnológica. É preciso promover uma transformação cultural, desconstruindo preconceitos e informando a população sobre a importância de uma contracepção compartilhada. Iniciativas educativas e campanhas de conscientização que abordem o papel dos homens na contracepção podem ajudar a transformar a percepção sobre esse tema.
A contracepção compartilhada não só melhora a comunicação entre os parceiros, como também fortalece o compromisso com o planejamento familiar. Quando os homens participam ativamente dessas decisões, tornam-se coautores das escolhas reprodutivas, dividindo com suas parceiras o peso das responsabilidades. Essa corresponsabilidade ajuda a reduzir a pressão emocional, social e financeira que atinge as mulheres, criando um cenário mais justo e equilibrado para ambos.
Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que 77% dos americanos sexualmente ativos, entre 18 e 44 anos, demonstram interesse em experimentar novas alternativas contraceptivas. Enquanto essas opções não estão amplamente disponíveis, a realidade é que apenas 8% dos homens usam preservativo e 2% optam pela vasectomia. Já passou da hora de que, assim como as mulheres, os homens também assumam sua responsabilidade na contracepção, independentemente do método escolhido pelo casal. O importante é que tenham acesso a métodos seguros, eficazes e de fácil uso para contribuir com o planejamento familiar de forma igualitária.
É inaceitável que, em pleno século XXI, a responsabilidade pela contracepção seja quase exclusivamente das mulheres. A contracepção não é um dever unilateral; é um compromisso conjunto. A divisão dessa carga é uma questão de justiça e respeito às escolhas e ao bem-estar de ambos os parceiros. Chegou o momento de os homens terem uma atitude proativa em assumir essa responsabilidade. Pronto para esta mudança?
Luiz Lucio, Diretor Médico da Organon