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Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 02:00
Após uma das eleições mais disputadas da história de Camaçari, Luiz Carlos Caetano voltou à Prefeitura cercado de expectativas. Tanto aliados quanto opositores esperavam muito desse retorno, marcado por sua experiência e trajetória política. No entanto, os primeiros dias do quarto mandato do petista têm sido mornos, sinalizando um começo abaixo das expectativas.
Logo no anúncio do secretariado, a população não demonstrou empolgação. A posse e a derrota na eleição para a presidência da Câmara Municipal reforçaram a percepção de que o “Caetano 4” começaria sem grandes destaques. Diferente de 2017, quando Antonio Elinaldo assumiu a prefeitura em um cenário descrito como “terra arrasada”, Caetano encontrou uma cidade bem diferente daquela deixada por Ademar Delgado. Sem a desculpa da “herança maldita” tão comum nos discursos de prefeitos no início de mandato, o governo petista enfrenta o desafio de governar sem apontar grandes falhas estruturais deixadas por Elinaldo.
Até agora, a cúpula petista tem evitado o termo “herança maldita” e, nos primeiros dias de gestão, não houve destaque a problemas graves herdados. Isso tem gerado constrangimento, especialmente entre os adesistas, que tentam exaltar o novo governo mesmo sem argumentos concretos.
O início de mandato lembra uma comida promissora, mas sem sal. Caetano, conhecido por ser acessível e presente no cotidiano da cidade, parece mais distante. Durante a tradicional procissão do padroeiro no dia 7 de janeiro, seu semblante fechado, sorrisos raros e interação limitada com a população chamaram a atenção.
Luiz Caetano é uma figura que carrega o peso de uma trajetória política cheia de altos e baixos. Já foi preso, teve seu mandato de deputado federal cassado, perdeu a eleição para seu maior opositor em 2016 e viu sua esposa, Ivoneide Caetano, também ser derrotada em 2020. Ainda assim, ressurgiu como uma fênix na política de Camaçari, movido por um misto de vingança e senso de missão cumprida.
O ex-senador ACM costumava dizer: “Não se esqueça jamais do amigo que deixou o poder, porque o fraco de hoje pode ser o forte de amanhã”. Caetano é a personificação desse pensamento. Aos 71 anos e com mais de quatro décadas de vida pública, o político experiente dá sinais de cansaço, o que alimenta boatos de que quem realmente comanda a gestão é sua esposa, a deputada federal Ivoneide Caetano.
Mas subestimar Caetano pode ser um erro. O início pode ser morno, a oposição pode ser contundente e o prefeito pode estar cansado, mas, no jogo político, nada disso garante um desfecho. Como diz a torcida do Cruzeiro, uma frase que parece cair bem para o prefeito: “Disseram que eu ia morrer, torceram para eu acabar, mas se esqueceram que eu sou acostumado a guerrear”.
Lucas Moreno, Presidente Nacional do União Jovem do Brasil