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Publicado em 4 de julho de 2024 às 10:25
A Fundação Cultural Palmares tem a missão de preservar e fortalecer a cultura negra brasileira no contexto do decolonialismo. E no exercício da presidência desta importante instituição, sinto-me no dever de compartilhar breve reflexão sobre a participação ativa do povo preto no 2 de julho. >
Celebrar os 201 anos de Independência do Brasil na Bahia reforça os valores de resistência e coragem que definem a construção histórica do Estado e do povo brasileiro. Comemoração cívica e, ao mesmo tempo, poderosa festa popular, a data articula passado e presente por meio de tradições afro-brasileiras que inspiram – e impulsionam – gerações. >
Indispensável lembrar o papel decisivo desempenhado por indígenas e negros baianos, escravizados ou livres, nas batalhas que culminaram na vitória do 2 de julho de 1823. Entre os heróis que emergiram dessa luta, Maria Felipa e Maria Quitéria de Jesus, aqui evocadas como forma de sublinhar as batalhas árduas, cotidianas, desiguais, travadas pelas mulheres deste País.>
Maria Felipa, pescadora negra, liderou corajosamente um grupo de mulheres contra as tropas portuguesas, demonstrando a determinação e a coragem das comunidades afrodescendentes. Sua história é marca perene de resistência e incessante luta do nosso povo por respeito às nossas identidades, garantia de direitos, liberdade.>
Maria Quitéria de Jesus, nascida em Feira de Santana em 27 de julho de 1792, foi a primeira mulher das forças armadas brasileiras. Disfarçada de homem, cortou o cabelo, amarrou os seios e vestiu roupas masculinas para se alistar como “Soldado Medeiros”. Sua coragem e determinação consolidaram sua posição como símbolo de bravura e resistência.>
Enfim, os eventos relacionados à data atestam que os baianos não se renderam ao jugo português, contribuindo significativamente para a libertação do povo brasileiro. E valorizá-los oferece a oportunidade de pensarmos a Bahia e o País do futuro, porque a cultura nos conecta às nossas origens, nos lembra quem somos, de onde viemos e que mundo queremos construir. >
Viva, pois, o 2 de julho! >
Paz. >
Luz.>
Àṣe.>