A busca por naturalidade

A beleza não reside em apagar o tempo, mas em saber como realçar os traços únicos do paciente

Publicado em 24 de setembro de 2024 às 05:00

De forma mais intensa nos últimos anos, muitos pacientes têm recorrido a procedimentos estéticos para rejuvenescer o rosto, mas nem sempre os resultados alcançam a harmonia e naturalidade desejadas. O recente caso da ex-dançarina Scheila Carvalho, de 50 anos, trouxe à tona uma questão cada vez mais relevante: a reversão de preenchimentos faciais e a busca por uma estética mais equilibrada e menos artificial. Scheila, em busca de um rejuvenescimento facial e após diversos procedimentos ao longo dos anos, percebeu que o seu sorriso e olhar haviam perdido a naturalidade, levando-a a decidir pela remoção do ácido hialurônico aplicado em seu rosto.

O tratamento para remoção foi um passo importante para devolver as proporções naturais de seu rosto, restabelecendo a harmonia facial. No procedimento de reversão, usamos uma enzima para dissolver o ácido hialurônico, substância que, quando aplicada em excesso ou por muito tempo, pode acabar distorcendo as características faciais, principalmente na forma de se expressar. Essa retirada, porém, não é simples. Quando uma área que ficou muito tempo preenchida é desinflada, pode ocorrer flacidez, como se a pessoa tivesse perdido peso repentinamente. Esse acontecimento é comum, porém preocupante, o que exige cuidados específicos, dentre eles, a estimulação do colágeno da pele, através de bioestimuladores e tecnologia, para recuperar sua firmeza e evitar a piora das assimetrias.

A abordagem no caso de Scheila foi o que eu prefiro chamar de “rearmonização facial”, porque vai além da simples remoção de um preenchimento como ácido hialurônico. Quando um paciente decide recomeçar, como ela fez, o objetivo é não apenas eliminar o excesso, mas restabelecer o equilíbrio perdido ao longo dos tratamentos anteriores. Cada rosto tem sua particularidade e proporção, e respeitar essas características é fundamental para um resultado estético bonito e harmônico. O processo de envelhecimento é fisiológico e deve ser tratado de forma consciente, sem a busca incessante por apagar completamente suas marcas.

É cada vez mais comum vermos pacientes insatisfeitos com os resultados de tratamentos estéticos excessivos e muitos acabam recorrendo à reversão. Nessas situações, o que percebo é que é necessário “resetar” o rosto e recomeçar de maneira cuidadosa, adotando uma abordagem mais minimalista e respeitosa com as feições originais do paciente. O excesso de produtos e a falta de cautela nos procedimentos podem comprometer a harmonia facial, resultando em uma aparência artificial que, muitas vezes, não corresponde à expectativa inicial.

A principal lição que tirei deste e de outros casos similares é que menos é mais. O equilíbrio estético, na prevenção do envelhecimento, está em preservar a individualidade de cada rosto, sem recorrer a exageros que podem levar a uma aparência forçada e desproporcional. Cada procedimento deve ser cuidadosamente planejado, com atenção à qualidade dos produtos utilizados e à habilidade do profissional. Afinal, a beleza não reside em apagar o tempo, mas em saber como realçar os traços únicos de cada paciente de forma sutil e natural.

O caso de Scheila Carvalho ilustra bem essa tendência. Ao optar pela reversão e pela “rearmonização facial”, ela recuperou a naturalidade de sua expressão e trouxe à tona a importância de buscar uma prevenção de envelhecimento que valorize a essência, e não um ideal artificial de juventude. A reavaliação constante dos procedimentos estéticos e a escolha de profissionais capacitados são fundamentais para garantir um resultado bonito e duradouro.