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Armando Avena
Publicado em 16 de agosto de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Existe um pedaço de terra no Brasil onde não há recessão, as oportunidades de negócios aparecem a cada dia e os investimentos crescem ano a ano. Esse lugar é o Matopiba, sigla que identifica uma região que engloba a maior parte do estado do Maranhão, todo o território de Tocantins, o Sudoeste do Piauí e o Oeste da Bahia. Essa área forma um espaço homogêneo, onde existe água em abundância e cujo bioma é o cerrado. É considerada a última fronteira agrícola do país e aí o agronegócio floresce e impacta diretamente as atividades comerciais e de serviços.
Em Matopiba moram mais de seis milhões de pessoas, sua área é três vezes maior que o estado de São Paulo, e a região, que já responde por mais de 10% da safra nacional de grãos, deve triplicar a produção nos próximos anos, segundo informações da Empraba – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. E o melhor é que o Oeste da Bahia lidera economicamente o Matopiba.
Para começar, a Bahia é o maior produtor de grãos do Matopiba com mais de 50% da produção de soja e o maior produtor de algodão. Aliás, a safra de algodão este ano deve atingir 1,3 milhão toneladas, a maior da região e correspondendo a 23% da safra a ser colhida pelo país. Cerca de 60% dessa produção do Oeste vai para exportação e o restante preferencialmente para o Norte e o Nordeste, mas o impacto se dá diretamente na região onde as cidades veem se multiplicar os negócios no comércio, nos serviços e em toda a cadeia econômica.
A produção de grãos cresce em todo o Matopiba, mas a liderança está com dois municípios baianos: Formosa do Rio Preto e São Desidério, embora muitos outros ostentem produção e produtividade de fazer inveja aos grandes produtores nacionais. E outros dois municípios do Oeste da Bahia, além de serem grandes produtores, se posicionam como líderes urbanos do Matopiba. Trata-se de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães que, juntos, apresentam o maior PIB da região, da ordem de R$ 8 bilhões, o quinto maior PIB da Bahia. Luís Eduardo Magalhães tornou-se também o quinto maior PIB per capita do Estado e seu crescimento nos últimos 10 anos é de fazer inveja aos chineses.
Naturalmente, existem muitos desafios a serem vencidos tanto na região do Matopiba quanto nos munícipios baianos nela inseridos, especialmente no que se refere à infraestrutura de apoio à produção, inclusive no referente ao escoamento da produção que ainda se coloca como um dos principais gargalos que impedem um crescimento mais acelerado.
Mas também aí a Bahia pode sair na frente, pois se a Ferrovia Oeste-Leste for concluída – não somente o primeiro trecho, ligando Ilhéus a Caetité, mas fundamentalmente o segundo trecho, unindo Caetité a Barreiras e daí ao tronco da Ferrovia Norte-Sul – um corredor de exportação agrícola se formará em nosso território. Com isso boa parte da produção do Matopiba, que deve chegar a 35 milhões de toneladas nos próximos 10 anos sairia pelo Porto Sul, na região de Ilhéus beneficiando uma imensa região da Bahia. O Mapitoba é o futuro do Nordeste e o futuro da Bahia e nada como ser líder no futuro que se desenha.
POR QUE A ECONOMIA NÃO DESLANCHA A queda de 0,13% no IBC-Br no segundo trimestre de 2019, após ter caído 0,52% no primeiro semestre, causou preocupação. E surgiu a pergunta que não quer calar: por que a economia brasileira não deslancha? Converso com empresários e economistas e as explicações são muitas. Há quem diga que sem investimentos do governo, a economia não deslancha e outros culpam a Operação Lava Jato que está jogando no ralo não só a corrupção, mas também muitas empresas que demitiram pessoal e deixaram de investir. A força dessa explicação é pequena para o tamanho da economia brasileira. Há quem afirme que o Brasil ainda não está passando confiança ao investidor, especialmente o investidor estrangeiro que continua preocupado com a estabilidade política e econômica do país. Quem pensa assim, lembra que o saldo acumulado do capital estrangeiro na Bolsa é negativo nesses primeiros seis meses. Não convence, afinal a fuga de capital estrangeiro tem mais a ver com o confronto comercial entre China e EUA. Outros afirmam que o índice olha para trás, para o momento em que todo país estava na expectativa com o novo governo e com a aprovação da reforma da previdência. Parece mais plausível, e, em sendo assim, a liberação do dinheiro do FGTS e a aprovação da MP da liberdade econômica e da reforma da Previdência no Senado devem aquecer o mercado.
REFORMA TRIBUTÁRIA A economia americana respondeu quase de imediato quando o presidente Donald Trump colocou como eixo de sua política econômica a redução dos impostos cobrados das empresas. O governo americano reduziu os impostos das empresas de 35% para 21%, o maior corte em 30 anos. E a economia reagiu. A equipe econômica do governo também quer reduzir os impostos das empresas e promete desonerar o setor privado. O problema é que nos Estados Unidos quem bancou o corte de impostos foi o déficit fiscal que disparou e a dívida pública atingiu 22 trilhões de dólares, valor superior ao PIB do país e um recorde histórico. O Brasil não pode se dar a esse luxo, pois sua dívida já é enorme, então para reduzir os tributos das empresas será necessário cobrir a diferença e é aí que surge a proposta da equipe econômica de criar um imposto sobre pagamentos, uma CPMF com outro nome. É uma saída pouco inteligente, pois esse tipo de imposto é regressivo e cumulativo, sendo muito mais interessante recompor a arrecadação em outras bases. Não será fácil, pois quando se mexe nos impostos não há 0 a 0 e mesmo mantendo o percentual da carga tributária uns ganham mais e outros perdem.
RECESSÃO DOS EUA? A economia é a ciência da racionalidade, assim quando a taxa paga a quem coloca seu dinheiro para render no curto prazo é maior do que o rendimento de longo prazo algo está errado. Isso aconteceu nos Estados Unidos e fez as bolsas despescarem está semana, pois significa que o mercado está prevendo um novo ciclo recessivo, ou seja, que os juros vão cair a inflação também, resultado de demanda menor e vendas menores. É um quadro provável, afinal, a economia é cíclica e os EUAs já vem crescendo há mais de dez anos. Além disso, a guerra comercial entre americanos e chineses, como foi analisada nesta coluna na semana passada, torna o futuro imprevisível e reduz a taxa no longo prazo, além de reduzir o crescimento no mundo inteiro.
AS AGÊNCIAS E A WEB A publicidade na internet já representa cerca de 20% de toda a publicidade realizada no país e a tendência é de crescimento. Nesse mundo novo, as agências de publicidade precisam rever seus conceitos e criar novas formas de publicidade que consigam chamar a atenção do internauta. Atualmente a publicidade na web é repetitiva, se perde entre milhares de apelos de toda a ordem e se dissipa na política de anúncios do Google e das grandes redes sociais.