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A força do desconforto: como a inadequação pode nos libertar

Um convite para sair do padrão e encontrar a verdadeira essência

  • Foto do(a) author(a) Gabriela Cruz
  • Gabriela Cruz

Publicado em 18 de janeiro de 2025 às 02:00

De Tudo Que eu Vejo 4
RM no documentário Write person, wrong place Crédito: reprodução

Quantas vezes você já se sentiu como se não pertencesse ao ambiente ao seu redor? Essa sensação de inadequação pode parecer desconfortável, mas também é uma poderosa ferramenta de transformação. Afinal, é no desconforto que somos desafiados a refletir sobre nossas escolhas e questionar as regras invisíveis que tentam nos encaixar em padrões pré-estabelecidos.

Sentir-se desta forma pode ser o ponto de partida para construir um caminho único. Ao invés de enxergar essa sensação como algo exclusivamente negativo, ela pode ser interpretada como uma oportunidade para sair da “caixinha”, descobrir novas perspectivas e abraçar a liberdade de ser quem você realmente é. Como disse o rapper RM no documentário Write Person, Wrong Place: “as pessoas certas são pessoas ‘erradas’” — e talvez seja essa aparente inadequação que nos ensina a nos reinventar.

Esse processo não significa romper com normas de convivência ou ultrapassar limites éticos. Trata-se, antes, de uma jornada criativa e introspectiva. Quando você se entende melhor e se ama mais, a percepção de inadequação diminui, porque o que antes parecia um desconforto passa a ser uma força: a de não seguir cegamente os grupos, mas de viver com autenticidade.

A inadequação, então, pode ser vista como um convite para quebrar paradigmas, explorar o autoconhecimento e criar uma vida que realmente faça sentido para você. E, ao fazer isso, você se torna, de fato, um ser único — não por uma imposição externa, mas por uma escolha consciente e libertadora.

#aceiteoimperfeito

Kintsugi é uma antiga técnica japonesa de reparo de cerâmicas quebradas, onde as rachaduras e fissuras são preenchidas com ouro, prata ou outro metal precioso, celebrando as marcas deixadas pelo tempo como parte essencial da história do objeto. Nesse contexto, inadequação e imperfeição caminham juntas, ressignificando o que, à primeira vista, poderia ser visto como um erro ou falha. Essa filosofia nos lembra que perfeição não é ausência de defeitos, mas sim a capacidade de acolher e valorizar a trajetória, com todas as suas marcas e renascimentos. Afinal, é no imperfeito e no inadequado que reside a verdadeira perfeição, transformando o ordinário em extraordinário.

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Vaso com a técnica Kintsugi Crédito: reprodução

#abelezadoagora

No filme Dias Perfeitos, de Wim Wenders, um dos momentos mais marcantes é o diálogo entre o Sr. Hirayama e sua sobrinha. Quando ela pergunta se ele quer conhecer outra parte da cidade, ele responde que sim, mas “não agora, da próxima vez”. Ela insiste: “Quando será essa próxima vez?” E ele, com serenidade, devolve: “O agora é agora, e a próxima vez é a próxima vez.” Apesar dos muitos assuntos pendentes, o protagonista opta por aceitar a imperfeição do futuro e viver o presente como sua única certeza. Essa simplicidade filosófica faz do filme um convite à reflexão: quantos dias perfeitos passam despercebidos enquanto vivemos presos ao amanhã? Onde ver? Prime Video.

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Dias Perfeitos Crédito: reprodução

#davidlynch

Poucos cineastas exploraram o inadequado com a profundidade e intensidade de David Lynch. Conhecido por desafiar as normas narrativas e estéticas, o diretor, que faleceu essa semana aos 78 anos, entregou ao público obras que provocam e desconcertam. Entre seus filmes, destacam-se Eraserhead (1977), sua estreia perturbadora que explora ansiedade e isolamento; Blue Velvet (1986), um mergulho inquietante nos segredos obscuros de uma pequena cidade americana; e Mulholland Drive (2001), uma obra-prima de mistério e fragmentação que confunde as fronteiras entre sonho e realidade.

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David Lynch Crédito: reprodução

#transformadora

A trilha sonora do filme Ainda Estou Aqui é uma cuidadosa seleção de músicas que enriquecem a narrativa e ambientam o espectador no contexto histórico retratado. Dica das boas para quem gosta de algo fora da curva. Composta por clássicos da música brasileira e internacional, a lista traz a Bahia em destaque com Gal Costa em Acauã e Falsa Baiana, e Caetano Veloso em Fora da Ordem e Um Índio. 

#lição

Sentir-se inadequado pode ser o ponto de partida para grandes transformações. Em entrevista ao canal UOL, Fernanda Torres relembrou uma experiência marcante. Aos 17 anos, durante sua primeira divulgação internacional de um filme – A Marvada Carne, a atriz se viu incapaz de se comunicar com fluência, já que tinha um inglês e um francês aprendidos na escola. “Aquilo foi um choque. A partir daí, eu botei na cabeça que não queria mais me sentir uma caipira no mundo”, contou. 

Fernanda
Fernanda Torres com o apresentador americano Jimmy Kimmel  Crédito: Instagram/Reprodução

Esse momento foi o impulso que a levou a se dedicar intensamente ao aprendizado de idiomas. Hoje, aos 59 anos, Fernanda celebra a liberdade de se comunicar em diversas línguas. “Eu sinto que estou no mundo, sabendo do mundo e sem me sentir assustada com ele”, declarou. Essa confiança conquistada ao longo do tempo permite que ela conduza com desenvoltura as entrevistas e campanhas internacionais de Ainda Estou Aqui, mostrando que a inadequação pode ser o primeiro passo para o crescimento e a transformação.

#inconformismo

Ícone da moda punk e do pensamento sustentável, Vivienne Westwood desafiou padrões ao unir rebeldia estética e consciência ambiental. Em uma de suas frases mais impactantes, declarou: “Buy less clothes, keep wearing things you love. That’s status.” Mais do que um conselho de estilo, trata-se de um manifesto contra o consumismo desenfreado, valorizando peças com história e significado. Uma lição de inadequação poderosa: em um mundo de excessos, ousar querer menos pode ser o verdadeiro ato de resistência e elegância. Para saber mais: Westwood: Punk, Icon, Activist (2018), documentário disponível na Amazon Prime Video.

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Vivienne Westwood Crédito: reprodução

#consumidores

A WGSN identificou quatro perfis de consumidores para 2025, que refletem mudanças de comportamento moldadas por crises globais, como a econômica e a climática: Neo-niilistas: desiludidos com instituições e crises, vivem segundo suas próprias regras e buscam satisfação pessoal; Redutores: reagem à digitalização excessiva e crises ambientais, priorizando consumo ético, sustentável e local; Protetores do Tempo: valorizam experiências significativas e qualidade de vida, buscando economizar tempo e criar momentos memoráveis; Pioneiros: inovadores que conectam o físico e o digital, liderando mudanças com foco no impacto social e tecnológico positivo. Esses descritivos mostram como as pessoas estão repensando suas prioridades e consumindo de forma mais consciente, alinhando escolhas ao seu bem-estar e valores.