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Um setentão cheio de fôlego: como foi a passagem de Bell no 4º dia de folia

A superlotação foi tanta que o trio chegou a passar mais de uma hora parado em frente ao Farol da Barra

  • Foto do(a) author(a) Marina Branco
  • Marina Branco

Publicado em 2 de março de 2025 às 18:42

Bell Marques
Bell Marques Crédito: Marina Branco/CORREIO

São 40 anos de Axé Music e 30 anos de Bell Marques nas ruas de Salvador. Carnaval após Carnaval, a estrela do bloco Camaleão é a prova viva de que idade é só um número.

Liderando a multidão aos 72 anos, Bell segue sendo um dos maiores atrativos para quem vive a cultura de Salvador desde que nasceu e também para quem vem de fora, saindo de outros estados só para acompanhar o trio do cantor.

Neste domingo (2) de Carnaval, o circuito Dodô, na Barra-Ondina, se encheu das músicas do ex-Chiclete com Banana, com os foliões pulando a milhão embaixo do trio. Com fama de ser uma das mais perigosas pelo nível de animação e troca de socos, a pipoca de Bell desceu a avenida com as músicas clássicas do axé.

Intercalando as partes cantadas com os pedidos para que a pipoca entoasse canções como “Coração Grandão”, “Selva Branca” e “Diga que Valeu”, o som da guitarra de Bell encheu o circuito.

A superlotação foi tanta que o trio chegou a passar mais de uma hora parado em frente ao Farol da Barra, aguardando a diminuição do movimento dos foliões para seguir o circuito “sem apertar ninguém”. No trio, Bell chegou a brincar que ia “parar de andar e fazer o Camaleão da Barra”.

Sempre preocupado, o cantor se tornou o líder da organização da confusão abaixo do trio, falando quando parar e quando seguir para não prensar o povo embaixo.

Com as horas de trio aumentando pela pausa não planejada, Bell improvisou repertório e conversou bastante com os foliões, cantando pedidos da pipoca como a música “Semente”.

Até casal reunido teve - quando a foliona Sabrina se perdeu do marido Marcelo, Bell parou a música para ajudar o casal a se encontrar, e brincou que levaria a moça para cima do trio e deixaria o parceiro na pipoca se ele não fosse buscá-la, arrancando risadas do público.

A pipoca de Bell

Para os foliões, Bell representa o espírito do Carnaval. “O dia que ele falar ‘parei’, pra mim acabou o Carnaval, não tem mais motivo de vir para cá”, afirma Thiago, soteropolitano de 25 anos.

No sexto Carnaval que vive com Bell, ele conta que é fã do cantor “desde que se entende por gente”. “É um cara ímpar. Fico o ano todo esperando o momento de chegar aqui e sentir essa sensação, essa energia dele que é tão surreal”, diz.

Para ele, até os boatos de que a pipoca de Bell seria a mais violenta do Carnaval de Salvador não fazem jus ao cantor: “É uma forma de trocar amor, energia, curtir com todo mundo. Tem o lado bom e o lado ruim, mas todo mundo é bem-vindo e vira amigo”, conta.

Até para quem vem de fora, viver o trio de Bell é um sonho, como para Lílian, de 42 anos. Pela primeira vez no Carnaval de Salvador, ela veio de Alagoas para ver o cantor. “Cresci ouvindo as músicas dele com minha tia e sempre amei Carnaval. Bell tem uma energia absurda, que conquista todo mundo”, conta.

Já para Flávio, 45, companhia de Lílian, Bell representa a presença do falecido pai: “Bell pra mim é profundo. Meu pai saía com os Internacionais, puxado pelo Chiclete, e eu lembro dele todo fantasiado indo para o Carnaval. Essa memória ficou”, conta.

“Quando eu falo em Bell, eu falo nele, lembro de meu pai. A paixão vem daí”, completa.

A mesma conexão é dividida entre Ana Beatriz, de 30 anos, e sua mãe, Benedita. “Minha mãe era chicleteira, e eu virei bellzeira como ela ensinou. Venho de Aracaju todos os anos só pra ver ele”, conta.

A energia do Camaleão é tão contagiante que até quem está trabalhando aproveita. Souza, 42, líder de contenção do Camaleão, conta que quem trabalha “curte bastante, mas no limite, tranquilo, firme e operante”.

Garantindo a segurança da pipoca de Bell, ele conta que a violência fica apenas do lado de fora das cordas. “Do lado de dentro a gente controla tudo bonitinho e tranquilo. Até quem está colado na corda do lado de fora a gente protege”, garante.

Nunca se sabe quando será a última vez de Bell no Carnaval, mas uma coisa é certa - energia não falta para continuar dando vida à festa de muitos foliões.

O projeto Correio Folia é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador