To-tal-men-te na torcida: foliões fantasiados homenageiam Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui

O Carnaval do Pelourinho foi dominado pelo clima de Copa do Mundo na noite deste domingo (2). No entanto, no lugar de camisas da seleção brasileira, os foliões se vestiram com fantasias diferentes, que iam desde camisas com o rosto de Fernanda Torres até uma vestimenta do Pikachu – personagem de desenho infantil que se tornou um meme após a própria Fernanda usá-lo como referência em uma entrevista. O motivo de tanta homenagem – e criatividade – se deve à possibilidade de a atriz e o filme 'Ainda Estou Aqui', ambos brasileiros, vencerem nas três categorias que concorrem no Oscar ainda hoje.

Em cada canto das principais ruas do Pelourinho, havia pelo menos um fã, facilmente identificável pelo traje, declarando torcida pelo cinema nacional. Esse foi o caso da professora Greice Kelly Souza, 30 anos, que tinha na cabeça uma tiara com os dizeres 'A vida presta', frase dita por Fernanda quando ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz, e uma estatueta do Oscar.

"Eu vim inspirada nesse potencial cultural da gente, que hoje está escancarado para o mundo. Eu e meus amigos estávamos muito animados e torcendo, então decidimos prestar essa homenagem com tiaras e plaquinhas. Estamos pedindo para Deus esse Oscar e fazendo um boicote espiritual também para os concorrentes. É clima de Copa do Mundo", declarou.

A atriz Clara Torres, 33, pendurou uma plaquinha escrita 'Sou prima da Fernanda Torres' no pescoço que, segundo ela, foi a forma de torcer pela artista fazendo jus ao gênero da comédia, que sempre foi valorizado por Fernanda.

"Provavelmente sou prima de algum grau da Fernanda Torres. Ela é uma querida e estou torcendo muito por ela. Ela até me convidou para ir ao Oscar, mas eu disse 'Fernanda, obrigada pelo convite, te desejo tudo de bom e você vai levar o prêmio, mas não vou poder sair do Carnaval de Salvador, infelizmente'. Agora, estou aqui ansiosa", brincou.

Com um telão montado para a transmissão do Oscar no Largo do Pelourinho, vários foliões chegaram mais cedo para garantir o melhor lugar. O petroleiro Deyvid Bacelar, 45 anos, foi um deles. Para acompanhar a premiação vestido a caráter, ele foi trajado com uma camisa cuja estampa tem o rosto da atriz brasileira e que custou R$ 120. "Não é todo ano que a gente vai concorrer ao Oscar, ainda mais com três indicações", justificou o investimento.

"Tenho uma admiração enorme pela Fernanda, desde que ela fazia filmes e séries de comédia. Para mim, ela se superou fazendo 'Ainda Estou Aqui', que é um filme sensível, que traz reflexões e questionamentos. É um filme que nos faz lembrar de um período ruim da nossa história, que foi a ditadura militar. Então, é motivo de celebração estar aqui", completou Deyvid.

Edmilson Soares, 34, também fez parte do time de foliões na torcida pelo Oscar. Inspirado pelos dois eventos, ele foi para o Pelô fantasiado com uma claquete com os nomes de Fernanda Torres, do filme 'Ainda Estou Aqui' e com a data deste domingo, a qual ele espera que entre na história do cinema nacional para sempre.

"O nosso cinema precisa de iniciativas como essa e que as autoridades acordem para trazer mais investimentos para esse segmento. Olha o movimento que 'Ainda Estou Aqui' trouxe. Olha para mim. Comprei uma estatueta do Oscar na Rua do Paraíso e fiz esse conceito na minha fantasia, que me deixou um pouco diretor com esse chapéu. Ainda estou pulando Carnaval, me aproveitando um pouco da fama da Fernanda e tirando foto com várias pessoas", disse.

Pelas ruas, havia outras pessoas sendo tietadas pelo abuso da criatividade com as fantasias em referência ao Oscar. Foi o caso de um folião que foi vestido como Pikachu e de tantas outras pessoas que investiram no dourado e em acessórios que tivesse dizeres sobre o filme ou a atriz. No meio da multidão, um grupo de amigos de Brasília chamou atenção por usarem máscaras com o rosto da atriz.

"Estamos completamente Oscarlizados. A Fernanda, agora, representa o cinema nacional", destacou Diogo Velasco, 42 anos, um dos integrantes do grupo.

Campo Grande

Um grupo de nove amigos chegou ao Campo Grande às 22h12 para acompanhar à transmissão do Oscar 2025 durante o Carnaval. A ideia partiu da ex-designer Olga Maria Costa Lima, 23 anos. “Muita gente não queria vir. Aí, a gente convenceu os ‘cults’ falando que ia ter o Oscar (no Carnaval)”, disse. Em seguida, os jovens seguirão para o Circuito Dodô (Barra-Ondina).

Apesar do esforço coletivo para acompanhar à premiação, poucos acreditam na vitória de Fernanda Torres. “Eu acho que ela ganha como melhor atriz porque a campanha do filme foi toda voltada para ela”, disse.

Já Ciro Garcez, 29, confia na vitória como ‘Melhor Filme Estrangeiro’ para ‘Ainda Estou Aqui’. Para ele, Fernanda ter vencido o Globo de Ouro não é um indicativo de esperança. “Di Caprio ganhou nove estatuetas do Globo de Ouro e só tem apenas um Oscar. Eu estou confiante em Melhor Filme Estrangeiro, mas acho que tem chances de Fernanda levar também porque o filme teve um impacto nos Estados Unidos no último mês e as votações foram encerradas semana passada”, disse.