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Se não aguenta, pra que veio? BaianaSystem é para os fortes

Na hora que a rua fica estreita e o espaço para se movimentar já não mais existe

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 2 de março de 2025 às 06:00

Baiana System
Baiana System Crédito: Larissa Almeida/CORREIO

"É do balacobaco. Tem que ter pique e ficar só no amor para poder curtir na boa". É assim que o folião João Carlos Oliveira, de 29 anos, define a experiência de acompanhar BaianaSystem em pleno Carnaval. A banda, que mais parece uma cartase coletiva quando coloca o Navio Pirata para navegar no mar de fãs, levou pela segunda e última vez o soundsystem para a Avenida na folia deste ano. Só que, como tem sido de praxe, só os fortes aguentaram acompanhar a pipoca até o final.

O cineasta Matheus Rocha, 27 anos, destaca que o conceito de 'forte' ganha contornos diferentes quando se trata do público de BaianaSystem. O rapaz, que é cadeirante, sempre marcou presença nas apresentações da banda, seja na Barra, no Pelourinho ou no Campo Grande, e garante que ter força não é o único requisito para poder ser adjetivado como forte.

Matheus Rocha
Matheus Rocha Crédito: Larissa Almeida/CORREIO

"BaianaSystem faz parte de um movimento que promove a mudança de comportamento, porque saber lidar com gente é fundamental. Então, se ser forte é sobre isso, a banda é só para os fortes", afirma. "Eu, que tenho a experiência de curtir como fã, hoje estou como documentarista da banda, e posso dizer que sempre foi difícil participar da pipoca, mas se tornava de boa por conta do público que Baiana tem", acrescenta.

A professora Mayara Rodrigues, 26, concorda que o público ajuda, mas isso não a isenta de estar praticamente inserida em uma maratona. "Não tem nenhum trio que faça você pular com tanta vontade, mesmo com tantas pessoas. Eu nunca me sinto tão feliz em sentir o suor dos outros. Tem que ter muito pique e beber água. Eu compro sempre uma para beber e outra para molhar o rosto", conta.

No caso da estudante universitária Yasmin Cristina dos Santos, 20, a missão de seguir o Navio Pirata só é possível fazendo pausas. "Eu dou sempre uma saidinha e depois volto. Não acredito que haja estratégia para conseguir ficar até o final, minha única recomendação é aguentar", diz.

Na hora que a rua fica estreita e o espaço para se movimentar já não mais existe, não são poucos os que levantam o rosto para conseguir respirar um ar mais fresco. Outros não resistem ao calor excessivo e chegam a passar mal. Como a banda já sabe a multidão que carrega, o trio sempre faz paradas e aciona o Corpo de Bombeiros para prestar socorro. Na passagem pelo Campo Grande neste sábado (1°), isso aconteceu duas vezes.

A estudante universitária Leidemar Marques, 22, acredita que a fortaleza daqueles que acompanham a banda é medida pelas atitudes durante a pipoca, sendo a disposição à solidariedade coletiva um deles. Ela aponta que isso é motivado pelo próprio grupo musical. "Baiana System é uma muito respeitosa, que abre alas e direciona os policiais e socorristas a atuarem. É muito incrível ver isso", frisa.

Fãs de Baiana System
Fãs de Baiana System Crédito: Larissa Almeida/CORREIO

Tauane Sandes, professora de História, vê que a banda é para os fortes, mas sobretudo para os fortalecidos – sendo esta régua medida pelas empatia. "Meu sapato já saiu em uma roda, mesmo estando amarrado na canela. O cadarço rompeu, mas eu não o perdi. Eu gritei que meu sapato tinha saído e a galera parou de pular ao redor e abriu espaço para eu pegar. Isso mostra que aquele lema do 'é só amor' é real", finaliza

O projeto Correio Folia é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador