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Quem dorme é o coelho: como fica o sono em um circuito de Carnaval

Moradores, foliões e ambulantes relatam desafio para tirar uma soneca

  • Foto do(a) author(a) Alan Pinheiro
  • Alan Pinheiro

Publicado em 4 de março de 2025 às 20:48

Nadir Cardoso (à esquerda) e Magali Miranda são moradoras de um apartamento à beira do circuito
Nadir Cardoso (à esquerda) e Magali Miranda são moradoras de um apartamento à beira do circuito Crédito: Alan Pinheiro/CORREIO

O sagrado e o profano. A folia e o descanso. O Carnaval de Salvador é uma festa de rua tomada por antíteses. Em meio aos foliões que celebram os festejos pela cidade, há aqueles que precisam dormir para recarregar a bateria.

Com o som alto e a festa pujante à beira do ouvido, os moradores no entorno dos circuitos precisam atrasar o horário do sono. A soteropolitana Luciene Lopes, de 56 anos, nem considera colocar a cabeça no travesseiro antes das 4h da manhã.

"É muito barulho para dormir, ninguém consegue. Eu fico com a minha família aqui e a gente só pode dormir de manhã", revelou a moradora de um apartamento em frente ao circuito Barra-Ondina.

O barulho da festa transforma o pequeno apartamento em um camarote. Quem gosta da folia, desce para curtir o momento com os vizinhos, mas também tem quem não goste da "muvuca". Para esses, a opção é tentar se isolar dentro de casa, como a filha de Luciene.

Andando um pouco mais em direção à Ondina, um prédio à beira do circuito abrigava uma série de pessoas com pulseiras na mão. O camarote particular feito pelos moradores do local era composto por familiares e turistas que alugavam um apartamento para passar o dia. Um grupo consultado explicou que vão ficar até o fim da festa, enquanto para outro esta será a primeira noite no local.

Moradora do local há 10 anos, Nadir Cardoso, de 74, disse que já não curte o Carnaval como antes, mesmo ainda amando a festa. Para ela, existem fatores positivos e negativos ao morar dentro do circuito.

"Tudo na vida tem dois lados. Por um lado, você está dentro do circuito curtindo, vendo tudo, pode trazer os amigos para seu apartamento. Esse espaço aqui é muito legal, tudo é controlado, não tem briga, não tem problema nenhum, só o sono. A gente só dorme três e meia, quatro da manhã, por exemplo", explicou.

Ela conta que só é possível dormir nos apartamentos que não ficam virados em direção à rua. O ponto negativo é não conseguir ver a festa. Nadir, no entanto, confessa que não sente falta do sono.

"Eu não vou mentir. Mesmo com essa idade, eu prefiro a folia. Eu gosto de ver as coisas, gosto muito das festas", disse.

Vizinha de Nadir, Magali Miranda mora exatamente do lado onde é possível ter uma boa noite de sono durante o Carnaval. A localização do apartamento permite que ela não fique refém da folia e possa dormir no horário que quiser.

"Comprei este apartamento exclusivamente por causa do Carnaval, que é uma festa que eu gosto muito. Não tenho muito do que me queixar nos dias de festa, porque é sempre um prazer. O sono não é o problema. Durante o dia fico deitada, dá para curtir todos os dias sem problema nenhum", contou.

PROBLEMAS

Em cantos mais silenciosos da Barra, famílias de ambulantes podem ser vistas com membros dormindo na rua, muitas vezes crianças. As pessoas consultadas pediram para não serem fotografadas. Uns disseram que não tinham com quem deixar as crianças. Uma outra família sem menores de idade respondeu que trabalham por turnos, para que cada um consiga descansar enquanto alguém está responsável pelo isopor com as bebidas.

Vale destacar que filhos de ambulantes podem ficar abrigados em pontos da Prefeitura de Salvador espalhados pelo circuitos.

O projeto Correio Folia é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador