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O 'mapa da fome' é real? Como as mulheres solteiras se viram no Carnaval de Salvador

Confira as estratégias delas para aproveitar a pegação durante a folia

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 1 de março de 2025 às 05:00

Carnaval de Salvador
Carnaval de Salvador Crédito: Arrison Marinho / CORREIO

É possível que você já tenha ouvido a expressão que diz que as mulheres heterossexuais estão no "mapa da fome". A frase, compartilhada nas redes sociais, dá a entender que, para as solteiras, está difícil conseguir se relacionar com homens héteros. Outro clichê afirma ainda que "quem não casou, não casa mais". Mas, será que em pleno Carnaval de Salvador, as provocações das redes ditam a realidade?

A reportagem foi às ruas durante a maior festa de rua do planeta para saber quais são as estratégias das solteiras para se jogar na pegação, com responsabilidade. E ainda, se o frete de Carnaval pode virar amor de verdade.

De início, já dá para dizer que a apuração não foi tarefa fácil. O objetivo era encontrar grupos de mulheres, aparentemente heterossexuais, de qualquer faixa etária, que aparentassem ser solteiras. Depois disso, a abordagem, que, longe de ser um frete, tinha função quase antropológica.

Passadas as explicações, quem abriu o coração sobre o tema, preferiu não se identificar. "Medo de me queimar", disseram algumas. Uma frase diz que "nenhuma experiência é individual", e, no caso das solteiras, boa parte das reclamações foi repetida em diferentes grupos de amigas.

"Olha, eu percebo que está faltando homens heterossexuais em todos os lugares, não só em Salvador", comentou uma turistas que costuma passar a folia na capital baiana. "Eu ando com uma bolha que é bem heterossexual, mas vejo que os homens estão receosos de flertar com as mulheres, esperam que elas cheguem primeiro neles", emendou. Por isso, há quem prefira já marcar com o contatinho antes de chegar no circuito.

"Eu não gosto disso de ficar pegando várias pessoas em uma noite. Gosto mais de encontrar alguém pra curtir junto. Como no Carnaval é difícil encontrar homem para isso, já combino de encontrar em algum lugar", disse outra mulher, que está solteira há pouco mais de um ano.

Para outras, o segredo é ir curtir. Se o beijo sair, ótimo. Mas, se não rolar, não faz falta. "Eu só beijo se me interessar de verdade. Vou aproveitar com meus amigos e, se rolar de ficar com alguém, tudo bem", justificou outra solteira. Ao lado da depoente, uma risada sem graça entregou a amiga. Com a repórter curiosa, ela logo se explicou: "É porque eu sou ao contrário. Não tenho muito critério para escolher". Os perfis diferentes não impedem que elas curtam o Carnaval juntas há anos.

E, para quem não perde tempo e se lança no flerte, existe lugar ideal para encontrar outros solteiros? Ondina parece ser um dos lugares preferidos, seguido do Largo do Farol da Barra, depois da saída dos trios. "Também dá para conhecer muita gente no Morro do Cristo porque o pessoal fica mais parado vendo as atrações passarem", indicou uma mulher, na faixa dos 35 anos. Mas, se for fora da pipoca, o assunto é outro.

As solteiras, em geral, passam longe dos blocos de divas como Ivete Sangalo, Claudia Leitte e Daniela Mercury. Só um completo desavisado não saberia que é o público é formado por majoritariamente homens gays. Em muitos casos, turistas. Homens, inclusive, são os que mais compram passagens para curtir a festa em Salvador, como revelou um levantamento da Azul.

A pesquisa aponta que 55% do fluxo de clientes da companhia aérea durante a folia é de homens. A maior parte dos viajantes tem entre 26 e 45 anos. "Sem contar que os héteros parecem que são minoria. O número de homossexuais parece crescer a cada dia", comentou uma das mulheres entrevistadas.

Algums foliãs dizem, por outro lado, que a atmosfera dos camarotes ajuda a intensificar os flertes. "Não tem tanta agonia como na rua. As pessoas têm mais tempo de conversar e se conhecer", afirmou uma mulher que curtiu o primeiro dia do Carnaval em um camarote em Ondina.

Seja no empurra-empurra da pipoca, na lotação do Morro do Gato ou na varanda de um camarote, o que vale é curtir e respeitar a vontade do outro. Se elas dizem que é só "organizar direitinho" que todo mundo beija na boca, o segredo parece ser paciência e disposição para enfrentar a multidão. Há até quem tenha esperança de encontrar um amor em meio à folia. "Meus pais se conheceram no Carnaval, na pipoca de Luiz Caldas. Quem sabe não seja meu destino?", disse uma solteira.

*O projeto Correio Folia é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.