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Alan Pinheiro
Publicado em 1 de março de 2025 às 21:18
Dentro do circuito de Carnaval, a música, a dança e o calor dos corpos movimentam a festa e complementam a experiência de curtir o momento. Nesse ambiente, a vontade e a libido podem ser protagonistas, transformando o circuito em um ambiente de amores, paixões ou apenas uma pegação. Neste sábado (1°), o CORREIO foi à Barra para descobrir quais são os locais escolhidos pelos foliões para esquentar ainda mais o clima.>
No circuito Dodô, o médico Atalah Haun, 45 anos, veio do Canadá com amigos e revelou que já pegou pessoas na festa, mesmo na presença do marido. Vivendo um relacionamento aberto, o profissional da medicina revelou que essa foi a primeira vez que veio ao Carnaval de Salvador após a pandemia. Os momentos de pegação dele e de seus amigos são reservados para dentro das cordas dos blocos considerados gays-friendly e em boates perto dos locais de festa.>
Sobre o sexo no meio da folia, Atalah afirma que não curte praticar os atos no meio do Carnaval e reprova quem "se empolga" em locais públicos. "O respeito deve ser mútuo, todos devem ter a noção do que estão fazendo, até para que não aconteça nenhum crime. Acho um desrespeito, se for fazer, que seja em algum local onde não haja o desrespeito com ninguém", disse.>
O médico ainda contou que banheiros químicos, praias, becos e ruas escuras e outros locais são usados por héteros e pessoas LGBTQIAPN+ para se pegar e "ir além".>
Único de um grupo de seis homens que aceitou falar com a reportagem, a demonização da liberdade na folia para casais LGBT+ foi abordada pelo folião. "Óbvio que essas coisas acontecem com qualquer um, mas as histórias tendem a escalar mais quando são gays ou lésbicas nessas situações. Já vi alguns casais héteros fazendo algumas coisas nesse Carnaval e é tão errado quanto seria se tivessem outra sexualidade", finaliza.>
Outras duas amigas que estavam esperando o início do trio "Broder Loopi" para ver o cantor Tierry revelaram que já ficaram com algumas pessoas neste Carnaval, mas sempre nas ruas principais. As duas não quiseram se identificar, mas citaram as ruas mais desertas como points de quem quer se pegar em um lugar com menos pessoas.>
"Óbvio que não vou extrapolar na rua. Tem quem queira, mas eu não sou dessas. Apesar disso, não me importaria se visse", diz uma das mulheres, que aparenta ter entre 20 a 30 anos de idade.>
Pouco após o momento da entrevista, três pessoas foram vistas em um beijo triplo na frente de uma casa próxima ao Farol da Barra. Atrás de um ambulante, nenhum dos três aceitou dar entrevista. Pelo circuito também foi possível ver pacotes com preservativos espalhados pelo chão.>
Vale lembrar que, segundo a lei, transar em público pode configurar crime. De acordo o artigo 233 da Constituição, a prática pode ser enquadrada como crime de ato obsceno. A pena para o ato obsceno é de detenção de três meses a um ano, ou multa. >
O projeto Correio Folia é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador>