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Maysa Polcri
Publicado em 3 de março de 2025 às 05:30
Antes mesmo das músicas serem ouvidas pelos foliões, um som impossível de ser ignorado toma conta das proximidades dos circuitos do Carnaval de Salvador. As buzinas das motos que cruzam os carros e transportam foliões estão a todo vapor. Quem opta por esse tipo de transporte chega mais rápido e não fica parado no trânsito. Mas para negociar os preços das viagens é preciso pechinchar. Distâncias diferentes podem ter o mesmo preço a depender do que for combinado. >
Tomemos um exemplo real. Já é início da madrugada e, em Ondina, duas pessoas resolvem pegar uma moto para voltar para casa. Uma, mora na Graça, bairro vizinho. Outra, em Brotas, mais distante. Os preços cobrados por dois motoqueiros foi o mesmo: R$ 30. A corrida mais curta, em teoria, deveria ser mais barata, correto? Nem sempre. >
O mototaxista Ronald Silva, 27, explica que nem sempre a proximidade é o que define os valores das corridas. "Mesmo quando o destino é perto do circuito, a gente avalia se vai precisar passar por algum portal. Nesses casos, precisamos dar voltas para não ser multados, aí o preço aumenta", diz. Os portais aos quais ele se refere são os controles de acessos às zonas próximas aos circuitos. Apenas veículos autorizados podem cruzá-los sem serem multados. >
Ao todo, 15 portais funcionam diariamente, das 13 horas às 5 horas. Fora deste período, o tráfego é liberado. Outros fatores que determinam os valores das corridas são as condições de trânsito e o horário. "Se for um horário de muito movimento, é mais caro. O preço aumenta se a área que o cliente quiser ir estiver muito engarrafada", explica o mototaxista Augusto César, 31. >
Em um bom dia de serviço, eles ganham por volta de R$ 500. Nos sete dias de festa, o valor arrecadado pode chegar a R$ 3,5 mil. "A viagem mais longa que fiz até agora foi para o Jardim Nova Esperança, por R$ 60", conta Ronald Silva. A viagem de cerca de 20 quilômetros custou metade do valor de uma corrida de Ondina até a Pituba, a qual um mototaxista cobrou R$ 120 - para o trajeto de sete quilômetros. >
Há viagens, ainda, que nem o preço inflacionado faz o mototaxista aceitar. É o que conta Marcos Vinícius, que trabalha com viagens de moto há cinco anos. "Não aceito corridas para bairros arriscados durante a madrugada", explica ele, que mora próximo ao circuito Barra-Ondina. Para os passageiros, mais vale o acordo de boca do que esperar uma viagem por aplicativo em meio à folia. >
"Eu nunca tinha andado de mototáxi até precisar voltar para casa sozinha no Carnaval. Sabia que seria difícil conseguir um carro por aplicativo e, como os mototaxistas ficam praticamente dentro do circuito, achei que seria mais fácil", contou uma foliã que pagou R$ 30 de Ondina até o Canela, na sexta-feira (28). >
O projeto Correio Folia é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.>