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Larissa Almeida
Publicado em 4 de março de 2025 às 19:06
Ninguém pode negar que o Carnaval é uma das maiores reuniões de pessoas do planeta. O que nem todos sabem é que a festa de rua também acaba se tornando um dos momentos mais memoráveis de reunião familiar, quando mais de uma geração se une para correr atrás do trio elétrico. No momento da curtição, vale criança no pescoço e sintonia combinada entre mãe e filha, como ocorreu nesta terça-feira (4), no Campo Grande. >
A marisqueira Eliane Silva, 48, já passou pela fase de subir no pescoço de um familiar para ver mais de perto os artistas no trio. Ela conta que, desde jovem, foi levada para a folia por parentes e, agora, repete a tradição com os mais novos da família. >
"Vim curtir todos os trios e blocos hoje e cultivar esse amor que foi passado para mim por minha mãe. Quando eu era bebê, ela me levava para o Pelourinho e, depois que cresci, para o Campo Grande. Hoje, trago minhas filhas e minha neta também. Estou amando a experiência", diz. >
A filha mais nova de Eliane é a estudante Tainara Silva, de 12 anos. Ela conta que ainda não herdou o pique da mãe, de modo que sinaliza os limites para curtir no Carnaval de Salvador. "Eu vou até um pouco depois do início do circuito e volto com minha mãe. É uma forma que a gente tem de curtir um pouco de cada cantor, e de se divertir", afirma. >
Na Avenida, não faltam crianças e jovens impondo o mesmo desafio aos parentes de procurar um lugar mais tranquilo para ver os trios passarem. Esse, no entanto, não é o caso de Sabrine Pereira, 14, que gosta mesmo é de conferir o agito de perto, junto aos avós. >
"Eu gosto de ver os cantores, principalmente os que cantam música afro. Gosto do Ilê Aiyê e do Olodum, por exemplo. Hoje, eu queria ver o Olodum, mas não deu tempo. Só que já curti Ivete com meus avós, e é maravilhoso porque eu só saio com eles. São meus parceiros de festa", enfatiza.>
A avó de Sabrine, a cozinheira Luzia Santana, 47, diz que o amor da jovem pelo Carnaval é hereditário. "Eu sou dessas que vou atrás do Olodum na muvuca. Vou desde os 14 anos e minha neta vem desde o primeiro ano de vida, porque a mãe traz. A gente vem sempre. Eu, particularmente, porque gosto de tudo, sou baiana de verdade", ressalta. >
Se baianidade é a régua para quem gosta de ir atrás do trio, a microempreendedora Rita França, 64, pode se considerar baianíssima. Isso porque, há mais de uma década, ela cai na folia do Carnaval e arrasta a filha junto. "Tenho pique demais para correr atrás do trio e acredito que isso é da minha natureza. Chego às 15h e só tenho planos de sair às 3h, se a chuva deixar", pontua.>
A disposição da mãe para curtir o Carnaval não foi herdade de berço pela também microempreendedora Tayane Santana, 35. Segundo ela, Rita insistiu por anos até que ela aceitasse ir para a folia. Há cerca de dez anos, ela se rendeu e se apaixonou pela folia. >
"Só hoje eu já fui atrás de Gandhy e Ivete Sangalo. Todo o pique que tenho veio da 'coroa', que sempre quis vir. Agora, a festa para mim simboliza um momento de alegria, para ver os artistas e ter um momento em família. Acredito que o Campo Grande é um berço familiar. O maior centro do Carnaval é aqui", finaliza.>
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