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Compor hit do Carnaval dá dinheiro? Quanto lucram os autores das músicas da folia

Compositores contam os bastidores da criação das músicas que fazem sucesso na folia

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 05:15

Ivete Sangalo e fãs
Ivete Sangalo é uma das compositoras de Energia de Gostosa Crédito: Reprodução/Redes sociais

Elas tocam tantas vezes que não saber as letras beira o impossível. No Carnaval, então, os hits dos grandes artistas martelam na cabeça dos foliões nos blocos, pipoca e camarote. Mas você sabe o que está por trás de um grande sucesso da folia? E quanto os compositores lucram com os negócios? 

Lançar uma música é sempre uma aposta. Os compositores imaginam o que vai cair no gosto do povo e buscam os artistas para fechar o negócio. "A gente sabe, por exemplo, que Bell Marques vai precisar de uma música animada, que vai fazer todo mundo sair do chão", diz Pio Medrado, compositor de músicas como Meu e Seu e Eu Quero Esse Amor.

Ele conta que as negociações entre artistas e compositores mudaram ao longo do tempo. Antes, os cantores procuravam os autores, mas a concorrência aumentou, e chegar até os artistas é difícil. "Hoje em dia a concorrência é muito maior. Então, para um compositor conseguir acessar o cantor precisa ter, pelo menos, um grande hit que viralizou", diz Pio Medrado.

Há 50 anos, os grandes sucessos que agitariam o Carnaval eram criados no Estúdio WR, que ficou conhecido como a Casa do Axé e funcionava no Centro de Salvador. Naquela época o contato entre compositores e cantores era mais próximo e espontâneo. Jorge Zárath lembra quando apresentou Tá Procurando Sarna, sua música autoral em parceria com Dito, para Bell em 1996, quando ele comandava o Chiclete com Banana. 

"O disco do Chiclete estava sendo gravado na WR e estava quase concluído. Eu bati na porta do estúdio e perguntei se Bell poderia ouvir uma música. Colocamos na fita cassete, ele gostou e decidiu gravar. Foi um sucesso naquele Carnaval", lembra. Não foi apenas a relação entre as partes que mudou. A forma de consumo das músicas já não é a mesma. 

Os contratos, antes, eram baseados no número de discos que seriam vendidos. O que vale hoje em dia é a execução pública e o streaming. "Hoje, o compositor tem que rezar para que a música seja um sucesso e seja reproduzida no repertório de outros artistas. Seja nos shows, televisão ou plataformas digitais", explica Pio Medrado.

As editoras são as responsáveis por "fiscalizar" as plataformas de músicas, que são cobradas pelos direitos autorais através do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). Um grande hit de Carnaval pode render cerca de R$ 40 mil por mês aos compositores. 

As negociações se dão, em geral, de duas formas. Os compositores podem liberar a música para determinado cantor por um tempo específico. Nesse caso, é o autor da canção que precisa autorizar se a música foi utilizada em alguma campanha de publicidade, por exemplo. Outra possibilidade é o compositor editar a música com o artista, que fica responsável pelas negociações futuras.

Na prática, é um ciclo. Quanto mais vezes a música for reproduzida, mais conhecido fica o compositor e maior a chance do autor apresentar novos hits para outros artistas. Nem sempre é a venda que dá início às conversas. "Quando se trata de um grande artista, como uma Ivete Sangalo, é comum que o compositor dê a música porque ele já espera que terá retorno de outras formas", ressalta Pio Medrado. 

Outras tendências também têm ganhado força. Os cantores participam cada vez mais das criações das músicas, que contam com mais mãos. É o caso de Energia de Gostosa, forte candidata a música da folia deste ano, é uma criação de Ivete Sangalo e outros cinco compositores (Rafa Lemos, Lari Tavares, Tassia Morais e Luana Matos).

"São muito mais compositores, que lançam novas músicas todos os dias. As composições tendem a serem mais simples e as músicas não duram como antigamente", avalia Jorge Zárath, que está em turnê com o show Autorais. O projeto, que conta com  Tonho Matéria e Tenison Del Rey, rememora músicas criadas pelos compositores ao longo dos anos. 

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E os valores?

O compositor Pio Medeiros usa como exemplo a música Energia de Gostosa, da cantora Ivete Sangalo. Segundo ele, uma canção como essa poderia ser vendida à cantora por cerca de R$ 10 mil. "Mas existem compositores que não querem que uma artista como ela pague o advance da música. Como será um sucesso, devido a agenda de shows lotada, eles terão visibilidade e vão ganhar pela execução pública", explica. 

Advance (adiantamento) é a quantia de dinheiro fornecida por gravadoras, editoras musicais ou distribuidoras a um artista ou compositor antes que qualquer receita seja gerada a partir do trabalho criativo. "Pela forma que a música vem tocando e por ser Ivete Sangalo, acredito que os compositores vão ganhar, em média, por mês, em torno de R$ 10 a R$ 15 mil", avalia Pio Medeiros. Mas, segundo o compositor experiente, os valores podem ultrapassar os R$ 40 mil.