Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 3 de março de 2025 às 18:42
O final da tarde dos foliões que acompanham o circuito Dodô, nesta segunda-feira (3), foi marcado pelo cheiro de alfazema do tapete branco dos filhos e filhas de Gandhy. Primeiro, eles deram a largada, no Largo do Farol da Barra, em direção à Ondina. Elas vieram em seguida - em menor quantidade e igual animação. >
O primeiro afoxé feminino do Brasil foi criado em 2018 e tem colecionado um grupo fiel, e cada vez maior, de mulheres. De todas as etnias, idades e orientações sexuais, as filhas de Gandhy têm um espaço livre de assédio. Um respiro de liberdade na maior festa de rua do planeta. >
Para Bianca Soares, 20, a experiência de desfilar pela primeira vez com o grupo tem sido encantadora. "Este ano eu entrei para o coral das Filhas de Gandhy e não poderia perder a oportunidade de estar aqui. Estou completamente emocionada, é uma experiência incrível", celebrou. >
O desfile no circuito Dodô acontece após polêmicas envolvendo o bloco masculino. Em um comunicado, a agremiação determinou que apenas homens cis poderiam desfilar neste Carnaval. A exclusão de homens transsexuais motivou a abertura de uma investigação pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). Diante da polêmica, as Filhas de Gandhy foram no sentido oposto e disseram que todas as mulheres são bem-vindas no bloco. >
Para Bianca Soares, a posição demonstra coragem. "A comunidade dos Filhos de Gandhy é referência, e não podemos retroceder a esse nível. A sociedade evolui, e os blocos devem acompanhar. Não tem como um bloco defender algo tão bonito e ter uma postura excludente", comentou.>
A supervisora Mel Santana, que é presença confirmada em todos os desfiles do bloco, concordou. "Eu acompanhei a discussão e vi que eles soltaram uma nota voltando atrás. Achei isso muito importante. Temos que dar espaço para todas as pessoas porque trabalhamos com a diversidade", disse. Nesta segunda-feira (3), quem comanda o bloco é a cantora Nany Lessa.>