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Anna Luiza Santos
Publicado em 3 de março de 2025 às 15:12
Ruas ocupadas por famílias, percussões potentes e protestos por direitos humanos. É assim que a tradicional Mudança do Garcia sacudiu toda a comunidade em direção ao Campo Grande nesta segunda-feira (3), colocando na ponta da língua e na ponta do pé os maiores sucessos carnavalescos que emocionam a multidão.>
Celebrando 95 anos de existência em 2025, os foliões colocaram no centro de suas pautas nesta edição a reivindicação de tombamento do bloco como patrimônio imaterial da Bahia, em conjunto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). >
Rodney Martins, atual diretor do bloco, destaca a importância da conquista do título como uma forma de respeito e preservação. >
"Somos mais antigos do que os Filhos de Gandhy e ainda não respeitam o que nós somos e a nossa importância. Temos dificuldade para conseguir ajuda das autoridades, dificuldade de logística, de infraestrutura. Por isso, estamos tentando uma patrimonialização imaterial", defendeu.>
Enquanto a luta jurídica está em andamento, as manifestações nas ruas hoje continuam verbalizando os anseios por dias melhores. Os foliões saíram de casa com fantasias e plaquinhas com teor politico, pedindo desde um sistema de educação pública de qualidade até a negação de anistia para militares condenados durante a Ditadura Militar.>
"A Mudança do Garcia é do povo, todo mundo pode vir aqui protestar, não vai sofrer violência, não vai sofrer homofobia, não vai sofrer intolerância. Todo mundo aqui tem direito de botar a boca no mundo", ressalta Rodney.>
Entre as barracas de pastel, as fanfarras afiadas e os mini-trios eletrizantes, a multidão carregava bandeiras da Palestina, placas contra o capacitismo e contra o genocídio da população negra. >
A professora Claudia Melo conta que o que encanta na Mudança do Garcia é a visão de um espaço de protesto plural. "É uma festa representativa que abraça toda a comunidade. Conciliamos diversão e cerveja com protesto e críticas políticas", diz.>
Já para Mariana Santos, estudante nascida e criado no Garcia, o bloco carrega o verdadeiro valor do Carnaval. "Todo esse movimento mostra que o Carnaval é mais do que apenas cinco ou mais dias de festas. É um período onde reclamamos sobre os problemas do país e não deixamos as dificuldades tirar nossa alegria", declara.>
O projeto Correio Folia é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador>