Saiba como será o Carnaval comemorativo dos 50 anos do Ilê Aiyê

Bloco afro vai sair em quatro dias da folia; três dias de desfile serão com tema em homenagem aos fundadores

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  • Larissa Almeida

Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 12:30

Bloco Ilê Aiyê
Bloco Ilê Aiyê Crédito: Valter Pontes/Secom

No ano em que completa seus 50 anos de existência, o Ilê Aiyê vai embelezar as ruas de Salvador durante quatro dias de Carnaval fazendo uma reverência à ancestralidade fundadora do bloco. Nesta edição da folia, os homenageados serão os irmãos Vovô e Popó, que dão inspiração ao tema ‘Vovô e Popó, com o Axé de Mãe Hilda Jitolu, a Invenção do Bloco Afro - Ah, se não Fosse o Ilê Ayiê’. A escolha do tema foi motivada meio século de vida do bloco e com intuito de relembrar a história de resistência daqueles que o criaram, conforme conta Antônio Carlos dos Santos Vovô, presidente e fundador do Ilê.

“Nós fomos os pioneiros. Tomamos essa iniciativa em um momento muito difícil da política brasileira por conta da ditadura e tivemos atitude de criar um bloco afro para, a partir do Carnaval, combater o racismo na cidade de Salvador. E essa ideia se espalhou pelo Brasil. Houve transformação na estética, no comportamento e, principalmente, através da música do Ilê, [houve] resgate do orgulho de ser negro”, destaca.

Para celebrar toda essa trajetória, a primeira aparição do Ilê é na abertura oficial do Carnaval da cidade, que acontece na quinta-feira, dia 8 de fevereiro, na Praça Castro Alves, em trio parado. Mas é no sábado, dia 10 de fevereiro, que os seguidores do ‘Mais Belo dos Belos’ vão se concentrar a partir das 20h e fazer a tradicional saída da Senzala do Barro Preto, no Curuzu, no bairro da Liberdade, trajando vestes em tecidos amarelos e brancos, além de exibir o colorido em seus adornos.

Do Curuzu, eles vão seguir até o Plano Inclinado da Liberdade, onde farão uma pausa para, horas depois, acompanhar o bloco até o Corredor da Vitória, onde a entidade inicia o seu primeiro desfile em circuito oficial, o Osmar, às 2h do domingo, em direção à Praça da Piedade.

Antes, a ialorixá do terreiro Ilê Axé Jitolu Hildelice Benta dos Santos vai abrir os caminhos do Ilê Aiyê, pedindo proteção e bençãos. Na ocasião, o ritmo dos tambores vai embalar os cânticos aos orixás e haverá milho, pipoca e pó de pemba  para pedir boas energias e um Carnaval de paz e sucesso a Oxalá e Obaluaê. Ainda, o voo das pombas brancas dedicadas a Oxalá promete compor o espetáculo.

A festa também vai dar início ao reinado de Larissa Valéria, eleita a Deusa do Ébano de 2024 na 43ª Noite da Beleza Negra. O concurso de beleza, inclusive, vai se tornar patrimônio imaterial do estado da Bahia pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), em parceria com a Secretaria de Cultura e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais.

Durante a realização do evento, no dia 13 de janeiro, foi aprovado o processo de patrimonialização da Noite da Beleza Negra como bem cultural, embora Vovô afirme que ainda deve avaliar o significado desse título na prática. “Ainda não caiu a ficha para a gente. Foi muito legal, ficamos muito felizes, mas estamos querendo saber o que realmente isso significa, se é só papel ou se temos algum benefício ou apoio mais concreto. É uma festa muito cara e nós, realmente, temos a dificuldade que os blocos afros ainda enfrentam nessa linha de captação de recursos e patrocínio de setor privado”, diz.

Enquanto não há definições sobre o processo, o planejamento em relação ao Carnaval continua. Na segunda-feira, dia 12 de fevereiro, o ponto de encontro é no Corredor da Vitória, a partir das 18h. Neste dia, o Ilê fará um desfile especial no Circuito Osmar, no Campo Grande, comandado pelo som da Band’Aiyê. “Estamos preparando um repertório bem amplo. Na segunda-feira, vai ser só com músicas das antigas, trazendo as recordações do Ilê. Estamos nos preparando também para termos alguns convidados, que ainda vão ser confirmados. Estamos conversando com Márcio Victor, Beto Jamaica e Lazzo Matumbi para saber se eles têm disponibilidade”, adianta Vovô.

Por fim, no dia 13 de fevereiro, Terça-Feira de Carnaval, o Ilê volta a sair do Corredor da Vitória, às 18h, em direção à Senzala do Barro Preto, na Liberdade, via Carlos Gomes. O terceiro e último desfile do bloco está previsto para começar às 19h, no Circuito Osmar.

Quem quiser garantir a saída no Carnaval como foliões do Ilê, precisa adquirir a fantasia, que custa R$900 e pode ser parcelada no cartão de crédito. A vestimenta, que neste ano conta com dois tecidos, um predominantemente amarelo e outro que servirá como pano de fundo branco, é vendida na sede do Ilê Aiyê, na Senzala do Barro Preto, no Curuzu. A entrega para os associados começa no dia 7 de fevereiro, às 15h.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo