Policiais infiltrados vão monitorar a retirada dos abadás em Salvador

Operação terá mil policiais civis e militares atuando nos cinco pontos de venda e troca dos ingressos

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  • Gil Santos

Publicado em 30 de janeiro de 2024 às 14:04

Apresentação da operação no Shopping da Bahia Crédito: Alberto Maraux/ SSP

Ele parece um folião comum. Um homem ou mulher que foi até o shopping para retirar o abadá da folia. Pode estar usando calça ou apenas uma camiseta com uma bermuda simples, mas na verdade é um policial dito à paisana pronto para agir. Nesta terça-feira (30), foi lançada a Operação Abadá, que terá 800 policiais militares e 207 agentes da Polícia Civil.

O lançamento da campanha foi realizado no Shopping da Bahia, estabelecimento que concentra a maioria das entregas das fantasias, e durante o evento o titular da Secretaria da Segurança Pública (SSP), Marcelo Werner, explicou que este ano ampliou o número de policiais que vão atuar de forma infiltrada. A quantidade não foi divulgada por uma questão estratégica.

"São aqueles policiais que não estão caracterizados, não estão com a farda de policial. Eles se passam por pessoas normais, mas estão fazendo o acompanhamento das entregas e identificando suspeitos. É uma forma descaracterizada de uma vigilância e monitoramento das forças de segurança", explicou.

Os mil policiais civis e militares vão atuar nos cinco pontos de venda e de troca dos abadás. Os produtos podem ser retirados ou comprados no Shopping da Bahia, Shopping Bela Vista, Shopping Paralela e no Salvador Shopping. Além disso, uma feira montada na Arena Daniela Mercury fará a troca das camisas. A SSP afirmou que todos esses locais terão policiamento reforçado.

Cuidado redobrado

A delegada geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, contou que na maioria das ocorrências o bandido contava com a ajuda de um comparsa. Um deles ficava na região onde os abadás estavam sendo retirados, escolhia uma vítima e passava as características para o criminoso que aguardava do lado de fora do shopping, por isso, ela ratificou a importância da Operação Abadá.

"A Polícia Militar faz toda a contenção da parte ostensiva e interna, e nós entramos com os policiais não caracterizados que vão observar movimentos estranhos, como pessoas que estão no local, mas não retiram abadá ou ficam muito tempo ao telefone, e observar inclusive aqueles indivíduos que já têm prática de furto e roubo se eles estiverem andando pelo shopping. É um trabalho velado", afirmou a delegada.

Ela orienta que o folião evite usar sacolas em que o abadá fique exposto e que após retirar o produto siga direto para casa, evitando passear com a fantasia. A delegada contou que os blocos mais caros são os que mais atrai a atenção dos bandidos e que também são aqueles que mais são vítimas de fraude eletrônica.

"A polícia está fazendo uma cyber patrulhamento, mas a recomendação é não clicar em links desconhecidos e sempre buscar os canais oficiais dos blocos. A partir do dia 4 de fevereiro teremos um totem da Delegacia Virtual com um policial aqui [Shopping da Bahia]. Isso é importante porque traz um serviço a mais para a populaçlão e porque a vítima vai poder registrar com mais celeridade", explicou Brito.

Durante o lançamento da operação uma viatura da PM ficou de plantão na entrada do shopping. O comandante do policiamento Regional Atlântico, coronel Ricardo Passos, afirmou que 800 policiais militares estarão de plantão, usando viaturas de duas e quatro rodas, aeronave e patrulhamento a pé, dentro e fora do shopping, nas passarelas de estação de transbordo e metrô e nos pontos de táxi e de carro por aplicativo.

"A gente sabe dos grande valores que muitas vezes custam esses abadás. Então, ao se dirigir ao estacionamento olhe para os lados. Caso for usar carro por aplicativo, escolha pegar dentro do shopping. Esse ano vamos estender o policiamento também para a parte interna dos estacionamentos", recomendou o coronel.

Movimento

A Central do Carnaval, que reúne 14 blocos e 11 camarotes, tem a expectativa de receber 60 mil pessoas nos próximos dias. Segundo o sócio-diretor da empresa, Joaquim Nery, cerca de 70% são baianos, da capital e do interior, e depois aparecem São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Minas Gerais.

"Acreditamos que o Carnaval será muito bom e o parâmetro para isso são os eventos de verão, como o Festival Virada, as festas públicas e privadas, o Bonfim e, agora, a expectativa para Iemanjá. Todos muito cheios e muito animados. Quando isso acontece normalmente o ápice é o Carnaval", disse Nery.

O superintendente do Shopping da Bahia, Wilton Oliveira, contou que este ano o estabelecimento vai funcionar todos os dias de Carnaval. Os horários para a retirada dos abadás alterna de acordo com cada loja.

"Esse é um dos melhores períodos do ano para a gente. Estamos com 90% do trade do Carnaval aqui dentro. Está no DNA do Shopping da Bahia. Estamos desde 1975, há 48 anos, apoiando o Carnaval e a cultura da Bahia", afirmou. A Operação Abadá segue até a terça-feira de Carnaval, em 13 de fevereiro.