Pierrôs, caretas, baianas, super-heróis e outros desfilam no Fuzuê e garantem a alegria dos foliões

Fuzuê completa oito anos de existência, marcado pelo público fantasiado e por desfiles de grupos culturais, bandinhas e fanfarras

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Publicado em 3 de fevereiro de 2024 às 20:19

Fuzuê completa oito anos de existência, marcado pelo público fantasiado e por desfiles de grupos culturais, bandinhas e fanfarras Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Quando os primeiros mascarados despontaram na altura do Cristo da Barra, a memória afetiva veio à tona. "Trouxeram a minha infância. Lembro quando minha me levava para ver os desfiles deles no Campo Grande", dizia dona Edalina Soares, 65 anos, enquanto os pierrôs interagiam com o público. Ela e uma multidão se reuniram, na tarde deste sábado (3), no circuito Orlando Tapajós, que vai da Ondina e Barra. Era o Fuzuê, a festa do pré-Carnaval de Salvador.

"É uma festa bem tranquila, no estilo dos antigos Carnavais. Assim é possível trazer toda a família para aproveitar o que há de melhor no nosso povo, a cultura", disse Edalina, que seguiu o grupo de pierrôs. O Fuzuê completa oito anos de existência, marcado pelo público fantasiado e por desfiles de grupos culturais, bandinhas e fanfarras. Tudo de graça. "Participamos todos os anos. E o nosso Bloco do Bira traz hoje o tema 'Cultura', que é uns dos pilares as educação. A educação transforma e por isso lutamos por ela", disse o professor do Ifba, Bira Carlúcio.

O desfile dos blocos começou às 14h. O circuito Orlando Tapajós começa nas imediações do Clube Espanhol, em Ondina, e termina no Farol da Barra, no contrafluxo do circuito do carnaval conhecido como Barra-Ondina (Dodô). Ao longo do percurso, profissionais da Secretaria Municipal de Saúde distribuíam leques de papel e protetor solar para o público. Isso porque, com a temperatura oscilando entre 25° e 35°, o calor estava castigando. Mas para muitos foliões, isso não é o problema, é a solução. "Vim com a camisa soltinha, de alça, uma bermuda folgadinha, pra poder vir com a família toda. Toda vez que o sol aperta, tomo logo uma que refresca. Nessa brincadeira, já bebi umas dez latinhas e ainda pretendo beber mais", disse rindo Maria Josefa Trindade, 57, por volta das 16h.

Além de pierrôs, havia fanfarras e fantasias, mas muita fantasias. Homem-Aranha e Pantera Nega caíram num samba de roda, enquanto a Mulher Maravilha recebia orientações das Paquitas para melhor tirar a foto. Durante o percurso, houve também a exaltação da cultura afro-brasileira em alguns blocos. "Isso não pode faltar. É a essência da nossa cultura. Salvador é a nossa África e temos que aproveitar este momento para lembrar do nosso povo, que tanto contribuiu para o que é hoje o Carnaval", declarou a pedagoga, Ana Alice dos Santos, 45.

Entre tantas as atrações, as crianças não tiram os olhos dos palhaços. "Sabemos que aqui é um momento de alegria, mas não podemos deixar de falar de Julieta, a "Palhaça Jujuba", que morreu em dezembro do anos passado. Hoje, prestamos uma homenagem a ela", disse o "Palhaço Tezo", Deviam Reis, 50, do bloco Palha Folia. Julieta viajava pelo Brasil em uma bicicleta e tinha decidido voltar ao país de origem para rever a mãe. O Amazonas estava na rota da artista venezuelana, encontrada morta em Presidente Figueiredo, no interior do Estado, após ficar 14 dias desaparecida.

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