De Tatau a Dan Miranda: afro de Periperi, Ara Ketu segue rumo aos 45 anos no Carnaval de 2025

Bloco surgiu em Periperi no subúrbio ferroviário de Salvador

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  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 10 de fevereiro de 2024 às 08:00

Ara Ketu
Ara Ketu Crédito: Divulgação

O Carnaval de 2024 ainda está acontecendo, mas o Ara Ketu já está preparando a comemoração dos seus 45 anos em 8 de março de 2025. E para isso, Vera Lacerda, presidente do Bloco mandou avisar que quer fazer bonito. Afinal, desde que surgiu em Periperi, no subúrbio ferroviário, o Ara, como é chamado carinhosamente pelos fãs, seguiu uma trajetória vitoriosa na Bahia, no Brasil e no mundo. Sempre tocando em grandes festivais como o de Montreux na Suíça, além de excursionar por diversos países da Europa.

Fundado em março de 1980, inicialmente apenas como bloco carnavalesco, pelos primos Vera Lacerda - professora de História e mestra em Filosofia - e Augusto César Lacerda (já falecido), depois se transformou em banda no ano de 1987. O nome "Ara Ketu" significa "Povo de Keto em tradução da língua Iorubá, uma referência à tribo africana da Iorubá. O Orixá protetor é Oxóssi da qual vem o símbolo do Ofá e as cores azul e branco utilizadas nas artes do bloco.

O Ara Ketu veio se juntar a outros blocos afro como Ilê Aiyê e Olodum que já marcavam território no Carnaval de Salvador mostrando a força da cultura africana. Constituído inicialmente por um bloco de percussão dançarinos e associados, o "Ara" incorporou instrumentos de sopro, bateria e teclado para se reformular. Ao mesmo tempo, desenvolvia um trabalho social junto à comunidade.

Outro fator que chamou atenção foi o fato de, pela primeira vez uma mulher negra e da periferia comandar um bloco e uma banda. Como acontece até hoje. Chamada por todos de Dona Vera, a presidente Vera Lacerda sempre procura manter acesa a chama do Ara. Um dos poucos blocos e banda que resistem desde o início da cena axé.

O reconhecimento veio não só da Bahia, mas do Brasil e também do mundo. Principalmente pela banda que teve o cantor e compositor Tatau durante muitos anos à frente, colecionando sucessos como Ara Ketu Bom Demais, Pipoca, entre outros. E foi justamente com Ara Ketu Bom demais  que a banda conquistou diversos prêmios de melhor música do Carnaval de 1995.

Larissa Luz, Dan Miranda e Tatau
Larissa Luz, Dan Miranda e Tatau Crédito: Divulgação

Depois da saída de Tatau outros artistas assumiram o vocal da banda como Larissa Luz, que hoje desenvolve uma carreira solo com muita repercussão. Tonho Matéria, o ator Erico Brás, Linnoy e atualmente quem está no comando é Dan Miranda, que saiu da banda Filhos de Jorge. Dan está totalmente integrado ao afro de Periperi.

Outro ponto positivo da Banda Ara Ketu foram os shows no exterior, quando se apresentou em diversos países, incluindo o famoso e prestigiado Festival de Montreux na Suíça onde fez parte da Noite Baiana, idealizada e organizada pelo empresário Daniel Rodrigues que durante muito tempo empresariou o cantor e compositor Gilberto Gil. Em dezembro de 2019, a banda iniciou a turnê "Ara 40" com três shows na Europa passando por Lisboa (Portugal), Zurique (Suíça) e Dublin na Irlanda. Para 2025, Vera Lacerda não descarta a possibilidade de voltar para novas apresentações fora do país.

A força do Ara é tão grande que a cantora Alcione no início da carreira gravou a música “Ara Ketu” do compositor baiano Edil Pacheco que até hoje faz sucesso. E até o Latin Lover Julio Iglesias regravou outro hit do Ara: Mal Acostumado em 2000. Na versão dele ficou “Mal Acostumbrado”.

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