‘Aqui tem que ser dinâmico’: a escolha de Alok para arrastar a multidão no Circuito Dodô

DJ puxou trio sem corda pela 5ª vez: ‘queria ser igual ao Bell, com 72 anos e botando para lascar’

  • Foto do(a) author(a) Daniela Leone
  • Daniela Leone

Publicado em 14 de fevereiro de 2024 às 07:00

Apuxou trio sem corda no Carnaval de Salvador pela quinta vez: ‘queria ser igual ao Bell, com 72 anos e botando para lascar’
Alok puxa trio sem corda no Carnaval de Salvador pela quinta vez: ‘queria ser igual ao Bell, com 72 anos e botando para lascar’ Crédito: Lucas Moura /SECOM /PMS

Uma multidão louca para curtir música eletrônica na avenida? Temos e prova, sim, que nem todo folião quer ouvir axé no Carnaval de Salvador. Embora o repertório da referência internacional em música eletrônica tenha também remix de clássicos da folia. Alok, em sua quinta apresentação na maior festa do planeta, trouxe sucessos de grupos e artistas baianos como Olodum, Ivete Sangalo, Baiana System e Bell Marques, uma inspiração carnavalesca para o DJ pela longevidade e energia.

O trio sem corda intitulado de Pipoca do Alok desfilou da Barra à Ondina na noite do último sábado (10) e deixou claro que o DJ, apesar do receio inicial, tem espaço cativo entre os foliões. "A primeira vez que eu vim fazer trio aqui eu achei que seria flopado, mas foi muito legal, então aquele momento já me trouxe uma coragem maior de continuar vindo. Eu entendi que o público me acolheu e esse é um dos motivos para eu estar fazendo o quinto Carnaval de Salvador, que é expansivo, ele não exclui diferentes gêneros, ele vai sempre acolhendo", afirmou Alok, que foi acompanhado, em cima do trio, pela esposa, a baiana Romana Novais.

São cinco horas de apresentação e, embora não precise cantar, ele fez a galera tirar o pé do chão no Circuito Dodô. Para tocar no Carnaval, Alok explica que, como em outras festas que faz pelo mundo, precisa montar uma sequência observando os gostos regionais. “O ponto é sempre entender o lugar onde eu estou e me adaptar às questões regionais, porque o set que eu faço aqui para esse trio é muito diferente do que eu vou fazer depois de amanhã. Cada lugar tem a questão de regionalização. Isso não só no Brasil, que é um país continental, mas no resto do mundo também rola muito isso. Aqui é o set que eu faço só para esse momento”, disse Alok.

A capacidade de se adaptar e entender a dinâmica da folia baiana contribuiu para que o artista conseguisse não apenas arrastar milhares de foliões na Barra, mas também mantê-los atrás do trio até Ondina. “Por mais que eu seja da vertente do eletrônico, o meu som é mais pop, então acaba atingindo diferentes tipos de público fora da bolha eletrônica”, reforça o DJ, que conversou no camarim do trio, antes da apresentação.

Alok entendeu que para arrastar a massa precisava ser ‘dinâmico’. “Meu irmão, meu pai e minha mãe são do nicho eletrônico e eles não comunicam muito. Lembro que eu trouxe meu pai e minha mãe para tocarem comigo [no Carnaval] e eles são mais da velha guarda. Eles queriam deixar a música tocar por sete minutos e eu ficava toda hora tirando as músicas deles, porque aqui tem que ser dinâmico”, explica sobre como percebeu o comportamento mais efêmero da atenção do folião.

“Ainda mais quando você está fazendo um trio sem corda, você não pode perder o público. Meu pai nem quer tocar mais comigo aqui porque fala que eu sou muito fominha, mas é porque eu fico cortando a parada”, contou Alok, em meio a risos, sobre a percepção que teve do público no circuito.

Mãe e filho, a vendedora Tatiana Lemos, 43 anos, e o estudante João Paulo, 18, estavam entre os fãs que foram curtir Alok na avenida. "Eletrônica combina muito com Carnaval. Se pudesse eu iria com ele até a Pituba", vibrou João. “Eu sou bem eclético, mas música eletrônica tem a minha preferência e Alok pra mim é referência no cenário brasileiro. Quando a galera fala de Carnaval, é sempre axé, mas Alok conseguiu romper essa barreira”, completou o estudante. “Eu sempre fui carnavalesca e acho que Carnaval é diversidade. Ouvir eletrônica num trio é muito diferente, tem a adrenalina e o calor das pessoas”, opinou Tatiana.

O vendedor Sidnei Macena, 26 anos, acompanhou Alok em todas as apresentações dele no Carnaval de Salvador e foi para a rua no sábado apenas para ver o DJ. “Eu vim mesmo por causa dele. O Carnaval da gente acolhe todos os gêneros musicais e a eletrônica aqui super dá certo. É uma vibe muito boa de sentir a energia”, disse.

No que depender de Alok, a música eletrônica vai seguir tendo espaço no Carnaval de Salvador. Apaixonado pela folia, ele avisou que não vai parar de subir no trio. “Eu vi Bell Marques passando e eu queria ser igual ao Bell, com 72 anos e botando para lascar”, avisou o DJ.

O Correio Folia tem apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.