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Estadão
Publicado em 11 de agosto de 2024 às 09:01
Primeiro foi o espanto, depois o medo, o desabafo; e, por fim, a disposição de ajudar, no que fosse possível. Foi assim que moradores do Residencial Recanto Florido - onde caiu o avião ATR da Voepass na sexta-feira, 9 - reagiram ao acidente, que os levou ainda a abrir as próprias casas para dar suporte ao trabalho das equipes de bombeiros e da polícia.>
O condomínio, que fica em Vinhedo, tem mais de 50 lotes, a maior parte deles com chácaras. "Para qualquer coisa que a gente precisa, eles têm mantido as portas de suas casas abertas. Em torno de duas ou três residências prestaram auxílio (de forma mais ampla). A gente é muito grato", resumiu a tenente Olívia Perroni, do Corpo de Bombeiros do Estado. Há moradores que têm oferecido água e café às equipes. Segundo Perroni, só uma casa foi atingida - o ATR despencou no seu quintal.>
"A gente não consegue dormir, só fica pensando em tudo que vimos", disse ao Estadão a autônoma Marlene Amstalden, de 51 anos, no condomínio há duas décadas. "Está todo mundo abalado, mas prestando solidariedade, trazendo o que pode. Não consigo explicar, estou em choque ainda", acrescentou. Ela estava sozinha em casa, ouviu o barulho e, ao sair, teve o susto "O avião estava em cima da minha casa", contou, emocionada. Outra que ficou muito assustada foi a assistente financeira Katia Marlene Cicari, vizinha da casa onde o ATR caiu. "O avião passou raspando o telhado da minha casa, rodopiando", disse. "Eu estava conversando com uma vizinha e ela desmaiou. Minha filha ficou em pânico.">
Abalados>
"O maior trabalho de todos é manter a segurança do local, porque há moradores que estão muito abalados", explicou a presidente da associação de moradores do condomínio, Roberta Henrique, de 38 anos. Os comércios da região têm ajudado muito, disse ela. "Padarias, restaurantes, muitos têm ajudado com mantimentos", acrescentou.>
Há vizinhos também organizando orações. Lucimar de Lima, católica, deu testemunho aos fiéis da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, ali perto. "Vi o avião rodopiando em cima da casa do meu sogro, de 81 anos. Fechei os olhos e pedi: 'Nossa Senhora Aparecida, tenha misericórdia de nós'. Pensei nos que estavam no avião e na família deles e falei: 'Vamos rezar'.">
Aposentada, a evangélica Gertrudes Oliveira, de 72 anos, disse que todas as igrejas estão orando pelas vítimas. Ela admite que não consegue esquecer a cena. "Não dormi nada esta noite. Eu vi o avião caindo e achava que ia cair em cima da gente", recorda.>
Curiosos>
Na manhã do sábado, os bloqueios da polícia diminuíram e curiosos foram ver de perto o local da queda. A Rua Melhado Meireles, em frente ao condomínio, chegou a ficar congestionada.>
Um homem que se identificou como Fábio ficou junto ao portão do condomínio: "Somos de Valinhos, viemos ver. Ficamos curiosos, mas com pesar também pelas vítimas". E não faltaram reclamações dos moradores. "O que essa gente está fazendo aqui hoje? Parecem urubus", reclamou uma moradora que se identificou como Camila.>
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>