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Elis Freire
Publicado em 28 de outubro de 2024 às 17:25
A morte do empresário Fábio Mocci Rodrigues Jardim, de 42 anos, durante um exame de ressonância magnética no crânio em uma clínica em Santos, no litoral de São Paulo, gerou repercussão nacional com dúvidas sobre os possíveis riscos da realização do exame.
Fábio se submeteu ao exame, amplamente utilizado pelo país, às 14h, da última terça-feira (22). Um laudo do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) de Santos considerou a "morte suspeita", solicitando averiguação pelo IML. A comerciante Sabrina Altenburg Penna, de 44, viúva de Fábio, aguarda o resultado da necropsia para descobrir a causa da morte de seu marido.
Por que ele fez o exame?
O empresário Fábio Mocci Rodrigues Jardim investigava uma sonolência que persistia. Ele decidiu procurar um médico para resolver o problema, que vinha afetando sua rotina.
Segundo a viúva do empresário, Sabrina Altenburg Penna, era a primeira vez que ele ia fazer uma ressonância, mas estava tranquilo. A informação é do g1 Santos
O que causou a morte de Fábio?
Os familiares foram informados por médica da clínica que o paciente sofreu um infarto fulminante. Porém, o corpo do empresário foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO), que emitiu um laudo de "morte suspeita".
No documento, o órgão considerou prudente e necessário o exame necroscópico e toxicológico realizado por médico legista. O laudo, ainda não emitido, pode indicar se o homem havia abusado de substâncias psicoativas ou se havia alguma outra desordem no organismo do paciente.
Embora ainda não haja um laudo concreto, Dr. Antonio Carlos Matteoni, membro do Departamento de Radiologia do New York University Medical Center e vice-presidente da Federação Mundial de Ultrassonografia, sugeriu, em entrevista ao jornal CORREIO, a possibilidade de uma reação à claustrofobia.
"Esse paciente pode ter tido um infarto em decorrência da claustrofobia e levou a uma parada cardiorrespiratória", disse. "É bem provável que talvez a claustrofobia possa ter levado a um infarto ou que ele não tenha tido a claustrofobia e foi apenas uma coincidência. A ressonância magnética em si, seguramente, não tem nada a ver com o óbito dele", defendeu.
De acordo com Matteoni, uma outra possibilidade que pode ser descartada seria uma alergia ao gadolínio, metal usado nas máquinas de ressonância, dada a raridade do índices de alergia ao elemento químico.
"Eu não sei se no caso dele foi ou não utilizado meio de contraste, mas é extremamente raro ele causar reação alérgica e realmente você não vê na literatura relato de óbitos ou reações alérgicas ao gadolínio, é um contraste extremamente seguro", apontou.
O que aconteceu durante o exame?
O início da ressonância teve duas horas de atraso. Mesmo em jejum, Fábio não reclamou. Com a demora, Sabrina deixou a clínica para ir almoçar no mesmo prédio comercial e disse ao marido que retornaria em breve. Menos de 30 minutos depois, ela voltou e Fábio já havia sido chamado para o exame. Quando questionou pelo marido, a esposa ouviu de uma funcionária que ele estava "agitado", mas que isso era normal e que estava tudo bem.
A esposa ficou aguardando o fim do exame e pouco depois notou uma movimentação estranha, com muito entra e sai na sala do exame. Preocupada, ela questionou a funcionária sobre o marido, e foi informada que Fábio teria passado mal, mas que a equipe médica "já estava resolvendo o problema".
Quando a morte foi confirmada?
Após aproximadamente 40 minutos de exame, que geralmente dura de 10 a 20 minutos, Sabrina viu dois profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) indo em direção à sala da ressonância.
“Os médicos do Samu abriram a porta para entrar e vi que ele [Fábio] estava deitado e tinha uma pessoa em cima dele fazendo a massagem [cardíaca] com a mão", relatou a mulher ao G1 Santos.
A comerciante chegou a ver a blusa do marido ser rasgada para os primeiros socorros, mas logo foi informada sobre a morte dele após infarto fulminante. A polícia foi chamada e a esposa teve que ir até a delegacia para registrar o caso.
Quais os riscos da ressonância magnética de crânio?
Ainda de acordo com o Dr. Matteo, o procedimento de ressonância magnética do crânio é seguro, com exceção dos casos em que o paciente possui dispositivos metálicos alocados no corpo.
O médico explica que o campo magnético criado pelo aparelho utilizado no exame pode ocasionar o deslocamento dos dispositivos no corpo do paciente. "O risco mais frequente que pode acontecer é, por exemplo, [haver a presença] de uma placa, mas isso não iria levar à morte," ressaltou o radiologista.