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Carol Neves
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 15:55
A Polícia Federal apreendeu documentos em que militares falam do plano para assassinar o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Quatro militares do Exército e um policial federal foram presos em uma operação nesta terça-feira (19) por suspeita de planejar um golpe de Estado e atentado.
Trechos desse documento, nomeado como "Planejamento Punhal Verde Amarelo", foram enviados pela PF ao STF para ajudar a embasar o pedido de prisão dos cinco suspeitos. "Considerando todo o contexto da investigação, o documento descreve um planejamento de sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes", afirmou a PF.
Os outros alvos eram tratados no documento por códigos. Jeca, segundo a PF, era um codinome para Lula. Joca seria Geraldo Alckmin. Um terceiro codinome, Juca, também foi usado, mas a PF ainda não conseguiu identificar a quem se referia. As informações foram divulgadas pela TV Globo.
Segundo a PF, o material em questão foi localizado em um dispositivo eletrônico que pertence ao general de brigada Mário Fernandes. Ele é considerado um dos militares mais radicais do país, com influência nos acampamentos que foram montados pelo país depois que Bolsonaro perdeu a eleição para Lula, em 2022.
No planejamento, os militares tratam de demandas operacionais e logísticas que seriam necessárias para que o plano fosse concretizado. Há também o que chama de "condições de execução", que são as circunstâncias que permitiriam a concretização da morte da chapa eleita.
Monitoramento
A primeira página do documento traz informações sobre reconhecimento operacional e monitoramento dos alvos. Além disso, são listados "pontos de controle" como o Eixo Monumental, em Brasília, a via L4, que fica próximo a prédios oficiais na capital, e a Avenida do Exército.
Essa página trataria do que era necessário fazer para identificar o aparato de segurança pessoal de Alexandre de Moraes, incluindo equipamentos de segurança, armamentos, veículos blindados, itinerários e horários, analisou a PF. Para a investigação fica claro desde o início que eles estavam dispostos a matar Moraes, os seguranças do ministro e os próprios integrantes do plano golpista para garantir o sucesso. O ministro era denominado como um "centro de gravidade" contra a golpe planejado.
"Tempo de ação"
A segunda página divulgada traz medicas práticas que o grupo deveria tomar para que o plano fosse executado. Entre a lista de itens necessários estão telefones, armas, seis coletes à prova de bola, rádios de baixa frequência, seis celulares descartáveis, 12 granadas. As armas incluem quatro pistolas, quatro fuzis, uma metralhadora, um lança-granadas e um lança-rojão. A munição deveria ser não rastreável.
Nessa parte, eles avaliam que o preparo do atentado levaria cerca de duas semanas, com oito horas para a execução. A PF diz que os detalhes nessa página coincidem com uma tentativa frustrada de sequestrar Alexandre de Moraes em 15 de dezembro de 2022.
Novos alvos
Na última página, os militares consideram que o plano é viável, mas com "significativas restrições para uma execução imediata". A possibilidade de êxito é considerada média, com tendência a alto. O risco de danos colaterais é avaliado como muito alto. O risco de captura e baixas são sinalizados como altos. Impacto e sensibilidade no âmbito político e no social são sinalizados como muito altos.
"Ainda são necessárias avaliações quanto aos locais viáveis, condições para execução (tiro a curta, média ou longa distância, emprego de munição e/ou artefato explosivo), possibilidades de reforço (Polícia Federal) e proteção do alvo, bem com a intervenção de outras Forças de Segurança", acrescenta o texto.
A possibilidade de envenenamento é aventada. "Outra possibilidade foi levantada para o cumprimento da missão, buscando com elemento químico e/ou biológico, o envenenamente do Alvo, preferencialmente durante um Evento Oficial Público. O nosso reconhecimento também está levantando as condições para tal linha de ação", afirma o texto.
No final, o documento fala que "foram levantados outros alvos possíveis" - momento em que, com codinomes, eles se referem a Lula, Alckimin e uma terceira pessoa não identificada.
Eles consideraram que matar Lula "abalaria toda a chapa vencedora" e a colocaria "sob a tutela principal do PSDB" - Alckmin já havia deixado o PSDB e estava no PSB para disputar as eleições. Para o documento, a morte de Alckmin e da autoridade de codinome "Juca" não causaria grande comoção nacional.
Veja como o documento trata esses três alvos: