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Uma a cada dez mulheres sofre com endometriose: conheça os sintomas e saiba como tratar a doença

A doença silenciosa e dolorosa pode provocar sérias dificuldades na vida da mulher se não for diagnosticada e tratada

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Foto do(a) author(a) Agência Brasil
  • Perla Ribeiro

  • Agência Brasil

Publicado em 31 de março de 2025 às 09:23

Uma a cada dez mulheres sofre com os sintomas da endometriose, mas desconhece a sua existência, estima o Ministério da Saúde. Mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS) e 8 mil internações registradas na rede pública de saúde em 2021. A doença, que tem como um dos sintomas a cólica intensa durante a menstruação, que pode ser constante e progressiva, pode ser identificada através de exame ginecológico. Um deles é o exame de toque, fundamental no diagnóstico em casos de endometriose profunda. Exames laboratoriais também podem complementar a confirmação do caso clínico. O mês de março marca a campanha de conscientização sobre a endometriose, doença silenciosa e dolorosa que pode provocar sérias dificuldades na vida da mulher se não for diagnosticada e tratada.

Imagem Edicase Brasil
Uma a cada dez mulheres sofre com os sintomas da endometriose, mas desconhece a sua existência Crédito: (Imagem: Satyrenko | Shutterstock)

A doença é caracterizada por uma modificação no funcionamento normal do organismo em que as células do tecido que reveste o útero (endométrio), em vez de serem expulsas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar. Segundo o cirurgião ginecologista Roberto Carvalhosa, que atua na rede pública de saúde do município do Rio de Janeiro, o tempo médio de diagnóstico da endometriose é de sete a nove anos e o diagnóstico da doença é basicamente clínico.

“Se a gente faz uma anamnese rigorosa, a gente pode chegar a uma suspeita quase correta da doença, em torno de 78% a 80%. Se você complementar a sua anamnese precisa, com um exame clínico rigoroso, você pode chegar praticamente de 95% a 98% de suspeita correta do diagnóstico. Hoje em dia, o que a gente vê são os profissionais tendo uma tendência maior aos chamados exames complementares, que são ressonância, ultrassonografia, tomografia, em vez de fazer inicialmente um exame clínico adequado. Muitas vezes, o profissional não usa os critérios necessários ao exame clínico”, avaliou o especialista.

O cirurgião ginecologista explica que, normalmente, as pacientes vão apresentar cólicas menstruais que se iniciam de uma forma mais branda até que vão se tornando severas. "Muitas vezes elas começam logo na primeira menstruação, sendo que 90% dessas cólicas correspondem ao primeiro e principal sintoma, a chamada dismenorreia. A mulher pode apresentar, com a evolução da doença, dor pélvica crônica durante a relação sexual, e uma das características mais importantes é quando a mulher quer e não consegue engravidar, que é a infertilidade, vinculada à evolução da doença”.

O especialista alerta ainda que, muitas vezes, a mulher ignora os primeiros sintomas e só procura os centros de saúde quando a doença já se apresenta na sua forma mais avançada e paciente já está com dor. "Às vezes essa paciente apresentou o primeiro sintoma logo nas primeiras menstruações e essa dor não foi valorizada. Em casa, ela escuta, quando você casar e tiver relação, isso vai passar. Aí quando passa aquele período mais longo, a doença continua evoluindo, com dor no período menstrual e, quando deseja engravidar, vai ver que já está com um quadro evolutivo muito severo, por vezes, comprometendo a sua fertilidade”, explicou o cirurgião ginecologista.

A estudante universitária Mônica Vieira, 25 anos, convive com a endometriose desde os 14 anos. Entre os sintomas mais frequentes da doença, ela cita "cólicas menstruais intensas e dor durante a relação sexual”.  Para a estudante, a endometriose é comum entre as mulheres, em parte porque  há uma cultura social de menosprezar a dor, adiar, dizer que é comum sentir esse desconforto todo mês durante toda a vida. "Mas não deve ser assim, esse pensamento atrasa o diagnóstico", avalia. Os tratamentos para a endometriose variam caso a caso, de acordo com a idade da paciente. No caso de Mônica, ela conta que há várias linhas de estudo sobre a doença e que a profissional que a acompanha considera importante pensar na mudança do estilo de vida, na alimentação, prática de exercícios pélvicos que estimulem a diminuição dos sintomas.

A estudante também chama atenção para o fato de que a endometriose tem graus variáveis de dor e localização, nem todas apresentam os mesmos sintomas, cada caso é único, devendo observar a história de cada paciente individualmente. “Eu não uso hormônios e mudei meus hábitos de vida, porque entendo a saúde de forma integrada. O que eu faço é por meio da ginecologia natural, remédios manipulados com substâncias anti-inflamatórias naturais como a cúrcuma, também conhecida como açafrão-da-terra. Mas é fundamental dizer que esse tratamento não é igual para todas as mulheres", alerta.  

O médico disse que as mulheres chegam ao hospital, muitas vezes, com sintomas avançados da endometriose. "Uma paciente chega ao serviço médico e fala: 'olha toda vez que eu fico menstruada eu tenho a sensação de que estou com uma alteração na minha urina ou tenho diarreia.' Esse é um sinal muito importante para o médico suspeitar de endometriose. Porque se ela tem uma dor na menstruação crônica, sensação de inflamação na bexiga ou então diarreia ou tendo uma constipação no período menstrual, provavelmente essa endometriose já evoluiu a ponto de comprometer a bexiga e comprometer o reto.”

O cirurgião disse que às vezes essa queixa não é valorizada “porque a coisa é feita no sentido muito rápido". "Isso é o que eu observo. Não só no serviço público. Hoje na conduta profissional o que tem mais é exame complementar do que exame clínico”, acrescentou. Carvalhosa ressaltou que a doença não afeta apenas a saúde física da mulher. "É um sofrimento psicológico, ela perde a capacidade de trabalho, perde a capacidade de ter um filho que ela tanto desejou. É uma doença muito grave, apesar de ser benigna. E é na minha opinião, a cirurgia mais complexa que eu faço, de todas as cirurgias que eu realizo.” As unidades básicas de saúde (UBS) ofertam o atendimento e exames de diagnóstico, para evitar o agravamento da doença e, caso haja a necessidade de cirurgia, a paciente é encaminhada para um hospital.