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Testes com óculos de sol apontam falhas na proteção contra raios ultravioleta

Pesquisa analisou 12 marcas e apenas uma atendia aos limites de segurança para exposição à radiação

  • Foto do(a) author(a) Tharsila Prates
  • Tharsila Prates

Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 18:59

Imagem Edicase Brasil
Os óculos de sol são essenciais para proteger os olhos  Crédito: Ground Picture | Shutterstock

A agência Fapesp divulgou nesta segunda-feira (17) os resultados de uma pesquisa recém-publicada na revista Research on Biomedical Engineering, que analisou a eficácia de 12 modelos de óculos de sol. As conclusões surpreendem: apenas um deles atendia aos limites de segurança para exposição à radiação ultravioleta estabelecidos pela Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP, na sigla em inglês).

Pesquisadores do Laboratório de Instrumentação Oftálmica da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) mostraram que as lentes não atendem a pelo menos um dos limites de segurança definidos nas normas e, com o tempo, perdem parte de sua capacidade de bloquear a radiação UV, aumentando os riscos de danos oculares.

Apenas uma lente se revelou “ótima” porque bloqueou completamente a radiação mesmo após passar pelo teste de envelhecimento, que contou com a simulação de 2.500 horas de exposição ao sol. A pesquisa não cita as marcas dos óculos, lembrou a repórter Luciana Constantino.

Para garantir proteção eficaz e abrangente da visão, os cientistas sugerem que a indústria adote como uma prática padrão os limites estabelecidos pela ICNIRP, aumentando, assim, a qualidade dos produtos.

As normas para certificação de óculos de sol e proteção ocular estabelecem limites para os filtros de radiação solar no comprimento de onda entre 280 e 380 nanômetros (nm). Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comissão internacional determinam esses limites como sendo entre 280 e 400 nm. A radiação UV é dividida em três faixas – UVC (de 100 a 280 nm), UVB (280 a 315 nm) e UVA (315 a 400 nm).

“Desde os anos 1990, fazemos pesquisas nessa área em nosso laboratório. Desenvolvemos ciência que pode ser usada como base para estabelecer padrões e normas de segurança. Hoje somos reconhecidos internacionalmente e citados por vários autores em livros e em diretrizes”, diz a professora do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC-USP Liliane Ventura, autora correspondente do artigo.

Ventura, que coordena projeto apoiado pela Fapesp, também está liderando pedidos de patente de dois protótipos. Um deles para medir a exposição radiante do olho pelas radiações direta, difusa e refletida pelo interior das lentes dos óculos de sol. E outro para testes de bloqueio de radiação ultravioleta em óculos de sol voltado ao público. Ambos tramitam na Agência USP de Inovação para serem depositados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Recentemente uma patente, também fruto de apoio da Fapesp, foi concedida a Ventura e ao seu então aluno Artur Duarte Loureiro para uma tecnologia que avalia a condição dos óculos de sol para direção de veículos – mede a transmissão da luz em diferentes comprimentos de onda, como o verde, amarelo e o vermelho.

O pesquisador Mauro Masili, primeiro autor do artigo e integrante do laboratório, destaca outro trabalho do grupo, publicado em março de 2024 na revista Scientific Reports, mostrando que independentemente da categoria de lentes – mais claras ou escuras – os óculos precisam garantir uma proteção UVA acima de 86%.A cl

assificação da lente é feita em categorias, que variam de 0 (mais clara) a 4. A 0 é recomendada para situações de poucos raios solares ou sem sol aparente. Já a 4, bastante escura, não é recomendada para dirigir.

Os resultados demonstraram que abaixo dos 86% de proteção pode até ampliar o risco para a saúde ocular, pois as lentes permitem um maior influxo de radiação UV no olho. No entanto, ao contrário do que se argumentava na literatura científica, esse aumento não se deve à dilatação da pupila causada pelos óculos de sol, mas sim à ampliação do campo de visão.

“Montamos uma tabela fazendo os cálculos de proteção de UV, UVA e UVB. Em termos de dilatação da pupila não existem óculos ruins. Todos vão proteger. Mas quando incluímos a ampliação do campo de visão isso muda. Em ambientes externos brilhantes, o reflexo natural é tentar fechar os olhos, enrugando a testa, para reduzir a luz. O uso de óculos de sol cria um ambiente mais escuro, impedindo a resposta natural e aumentando o campo de visão, o que pode resultar em maior exposição ao UV quando as lentes não oferecem proteção adequada”, explica Masili.

Por isso, o aumento da proteção para até 400 nm poderia minimizar os riscos de exposição desnecessária, segundo o estudo.

Agência FAPESP* –Luciana Constantino | Agência FAPESP – A radiação solar ultravioleta está entre as causas de uma série de doenças oculares, incluindo catarata e um tipo de inflamação das córneas (fotoceratite), que podem ser retardadas ou prevenidas com o uso de proteção aos raios UV, sendo os óculos de sol os acessórios mais populares para essa função. Porém, pesquisa recém-publicada na revista Research on Biomedical Engineering faz um alerta ao revelar falhas nessa proteção.

O estudo analisou a eficácia de 12 modelos de óculos de sol e mostrou que apenas um deles atendia aos limites de segurança para exposição à radiação ultravioleta estabelecidos pela Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP, na sigla em inglês).

Pesquisadores do Laboratório de Instrumentação Oftálmica da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) mostraram que as lentes não atendem a pelo menos um dos limites de segurança definidos nas normas e, com o tempo, perdem parte de sua capacidade de bloquear a radiação UV, aumentando os riscos de danos oculares.

Apenas uma lente se revelou “ótima” porque bloqueou completamente a radiação mesmo após passar pelo teste de envelhecimento, que contou com a simulação de 2.500 horas de exposição ao sol. A pesquisa não cita as marcas dos óculos.

Para garantir proteção eficaz e abrangente da visão, os cientistas sugerem que a indústria adote como uma prática padrão os limites estabelecidos pela ICNIRP, aumentando, assim, a qualidade dos produtos.

As normas para certificação de óculos de sol e proteção ocular estabelecem limites para os filtros de radiação solar no comprimento de onda entre 280 e 380 nanômetros (nm). Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comissão internacional determinam esses limites como sendo entre 280 e 400 nm. A radiação UV é dividida em três faixas – UVC (de 100 a 280 nm), UVB (280 a 315 nm) e UVA (315 a 400 nm).

“Desde os anos 1990, fazemos pesquisas nessa área em nosso laboratório. Desenvolvemos ciência que pode ser usada como base para estabelecer padrões e normas de segurança. Hoje somos reconhecidos internacionalmente e citados por vários autores em livros e em diretrizes”, diz a professora do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC-USP Liliane Ventura, autora correspondente do artigo.

Ventura, que coordena projeto apoiado pela FAPESP, também está liderando pedidos de patente de dois protótipos. Um deles para medir a exposição radiante do olho pelas radiações direta, difusa e refletida pelo interior das lentes dos óculos de sol. E outro para testes de bloqueio de radiação ultravioleta em óculos de sol voltado ao público. Ambos tramitam na Agência USP de Inovação para serem depositados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Recentemente uma patente, também fruto de apoio da FAPESP, foi concedida a Ventura e ao seu então aluno Artur Duarte Loureiro para uma tecnologia que avalia a condição dos óculos de sol para direção de veículos – mede a transmissão da luz em diferentes comprimentos de onda, como o verde, amarelo e o vermelho.

O pesquisador Mauro Masili, primeiro autor do artigo e integrante do laboratório, destaca outro trabalho do grupo, publicado em março de 2024 na revista Scientific Reports, mostrando que independentemente da categoria de lentes – mais claras ou escuras – os óculos precisam garantir uma proteção UVA acima de 86%. A classificação da lente é feita em categorias, que variam de 0 (mais clara) a 4. A 0 é recomendada para situações de poucos raios solares ou sem sol aparente. Já a 4, bastante escura, não é recomendada para dirigir.

Os resultados demonstraram que abaixo dos 86% de proteção pode até ampliar o risco para a saúde ocular, pois as lentes permitem um maior influxo de radiação UV no olho. No entanto, ao contrário do que se argumentava na literatura científica, esse aumento não se deve à dilatação da pupila causada pelos óculos de sol, mas sim à ampliação do campo de visão.

“Montamos uma tabela fazendo os cálculos de proteção de UV, UVA e UVB. Em termos de dilatação da pupila não existem óculos ruins. Todos vão proteger. Mas quando incluímos a ampliação do campo de visão isso muda. Em ambientes externos brilhantes, o reflexo natural é tentar fechar os olhos, enrugando a testa, para reduzir a luz. O uso de óculos de sol cria um ambiente mais escuro, impedindo a resposta natural e aumentando o campo de visão, o que pode resultar em maior exposição ao UV quando as lentes não oferecem proteção adequada”, explica Masili.

Por isso, o aumento da proteção para até 400 nm poderia minimizar os riscos de exposição desnecessária, segundo o estudo.

Atualmente, não há exigência de certificação dos óculos de sol para comercialização no Brasil. Para os equipamentos usados para direção de veículos, por exemplo, é possível fazer a análise por meio de um espectrofotômetro, equipamento utilizado com fins científicos e manuseado por especialistas.