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Jornal O Povo
Publicado em 23 de outubro de 2024 às 07:40
Um técnico de celular ameaçava meninas alegando ser membro de uma facção criminosa para conseguir imagens íntimas das vítimas. O suspeito de 23 anos foi preso na última quinta-feira, 17, no bairro Siqueira, em Fortaleza, durante uma operação da Polícia Civil do Ceará (PC-CE). As investigações apontam que mais de 40 mulheres foram vítimas do acusado, que usava as imagens para satisfação pessoal.>
Quatro vítimas foram identificadas, sendo uma menor de idade, de 17 anos, e as outras entre 18 e 19 anos. Uma das vítimas chegou a registrar um Boletim de Ocorrências (B.O), que deu início às investigações contra o suspeito. Além de exigir as imagens, o suspeito também extorquia as vítimas, com valores entre R$ 150 a R$ 300, adquiridos por meio de pix.>
“Com esses dados, ele conseguia também as redes sociais, que a gente chama de engenharia social. Inicialmente, ele via se a menina o agradava de cunho sexual. Em seguida, ele começava a extorquir as vítimas por meio do número de celular, onde ele se passava por membro de facção e com isso exigia dinheiro, fotos e vídeos íntimos sob pena da facção matar caso não enviassem”, explica o delegado.>
Na narrativa, o suspeito também afirmava às vítimas que elas estariam saindo com homens casados e que isso desagradava os integrantes do grupo criminoso. O técnico de celular dizia que, se elas enviassem o que ele pedia, ele tentaria reverter a situação e evitar que elas e seus familiares fossem alvo do grupo.>
“Desde o envio de dinheiro até as fotos e vídeos íntimos para ele conseguisse conter os demais membros da organização criminosa”, conta o titular do 5º DP.>
Durante a operação, foram apreendidos sete celulares e R$ 2 mil em espécie, proveniente das extorsões, com o suspeito. Os equipamentos foram encontrados em uma residência, além de 28 chips cadastrados em nomes de terceiros e usados para envio de mensagens às vítimas. As investigações apontam ainda que há mais oito celulares usados pelo homem para cometer os crimes.>
O material apreendido foi conduzido para o 5º DP, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão. O diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DPJC), George Monteiro, afirmou que o homem foi preso pelos crimes de cyberbullying, ameaça, perseguição, violência psicológica, falsa identidade, falsidade ideológica, extorsão e importunação sexual, sujeito a 35 anos de prisão.>
O diretor do DPJC afirmou que, em caso de extorsão, ameaça e cyberbullying, as vítimas devem registrar um Boletim de Ocorrência (B.O). “Com o registro, é possível que a Polícia Civil do Ceará (PC-CE) possa adotar as providências necessárias para identificar eventuais infratores”, destaca.>
Vítimas estudavam na mesma escola e, após ameaças, família deixou a regiãoAs quatro vítimas, inicialmente identificadas, estudavam na mesma escola, localizada no bairro Montese. O delegado Valdir Passos explicou que, a partir do contato da primeira vítima, foi possível identificar as demais. Ainda segundo o titular do 5º DP, foi identificado que o homem sabia todos os horários das estudantes na escola.>
“A gente ainda tem algumas dúvidas no inquérito. Por exemplo, se na escola, ele teria algum contato que tenha fornecido as informações. Ele sabia a escola, sala, horário de chegada e muito detalhe. A segunda hipótese, que ele confessou, foi que, com os chips, ele conseguia as informações, inclusive das amigas dela, e fazia toda essa engenharia”, comenta o delegado.>
Ainda segundo Valdir, diante das ameaças uma das famílias chegou a mudar de bairro com receio das informações. Apesar dos agentes policiais alegarem que o suspeito não integrava um grupo criminoso. “O que ele vinha fazendo com cada uma das vítimas fez com que a mãe de uma delas perdesse o emprego e se mudasse para outro bairro”, disse. As informações são do Jornal O Povo.>