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Carol Neves
Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 12:04
A delegada que investiga o caso de um envenenamento de um bolo que matou membros de uma família em Torres (RS) disse nesta sexta-feira (10), em coletiva de imprensa, que há “fortes indícios de que a suspeita tenha cometido outros envenenamentos a pessoas próximas”. Deise Moura dos Anjos está presa pelo crime.
“Não temos dúvida de que era uma pessoa que praticava homicídios em série. Ela não foi descoberta durante muito tempo e apagava as provas que pudessem levar até ela”, disse a delegada Sabrina Deffente, segundo o portal Metrópoles.
Além da morte de três familiares que comeram o bolo, há suspeita que Deise tenha envolvimento na morto do sogro, em setembro do ano passado. Após o caso do bolo, no Natal, o corpo dele foi exumado e a perícia apontou sinais de arsênio, mesmo material que estava na farinha usada para fazer o bolo no final do ano.
Segundo a delegada, Deise planejou matar os familiares, começando pelo sogro. Na época, ela tentou garantir que o corpo do sogro fosse cremado, o que não aconteceu. "Não conseguindo isso, ela constrói outros relatos para tentar encobrir a morte do sogro. Toda a investigação para nós foi uma surpresa”. explicou.
Ela chama a suspeita de dissimulada. “A senhora Deise é tão dissimulada que, mesmo não tendo uma relação boa com a família do esposo, logo após adquirir o arsênio, ela dizia que estava com saudade da sogra, que queria ver ela, queria ficar com ela, quando ela iria aparecer”, relatou. Os crimes teriam sido motivados por antigas desavenças familiares, que duravam havia 20 anos.
Outro delegado, Marcos Veloso, diz que Deise desde que foi presa demonstrou "uma postura fria, uma resposta sempre na boca da língua, muito tranquila".
Envenenamentos
Depois das mortes no Natal o corpo de Paulo Luiz foi exumado, na quarta (8), e exames do Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmaram a presença do arsênico.
Tanto as bananas quanto o leite em pó foram levados para a casa de Paulo, em Arroio do Sal, pela nora, Deise Moura dos Anjos. Ela agora está presa suspeita de usar arsênico para envenenar a farinha usada na preparação do bolo de Natal da família.
Deise foi visitar os sogros com o marido em 31 de agosto. A sogra dela, Zeli dos Anjos, também consumiu os alimentos levados pela nora com o marido. Os dois precisaram ser hospitalizados com crises de vômito, sangramento no estômago e diarreias. Paulo faleceu e Zeli sobreviveu.
Meses depois, episódio similar aconteceu com o bolo, que foi feito por Zeli com a farinha alterada por Deise, segundo a polícia. Morreram após comer o bolo as irmãs de Zeli, Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva e a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos. Zeli foi hospitalizada, assim como um neto de Neuza, de 10 anos, que já teve alta.
A desconfiança em relação a Deise começou depois que a polícia ouviu testemunhas contando que ela e os sogros tinham uma relação cheia de problemas há mais de 20 anos.
Em depoimento, Deise negou ter envenenado os alimentos, mas admitiu ter uma relação difícil com a sogra, a quem chamou de "naja", e contou que não gostou do fato de Zeli ter preferido passar o Natal com as irmãs, ao invés de estar com ela, o filho e o neto.