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Carol Neves
Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 11:31
O projeto World, que coleta íris humanas para criar uma "impressão digital" mais avançada, tem se expandido nas periferias da cidade de São Paulo. No entanto, brasileiros que participaram do projeto e escanearam suas íris em troca de dinheiro relataram dificuldades em obter suporte da empresa. A World interrompeu novos registros no Brasil em 11 de fevereiro de 2025, após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) negar um recurso e proibir o pagamento por essa coleta de biometria. A ANPD explicou que muitos participantes ignoraram os riscos envolvidos e não compreendiam os objetivos do projeto, com alguns não sabendo como seus dados seriam utilizados. As informações são do G1.>
O aplicativo World App, essencial para a participação no projeto, é apontado como a principal fonte de queixas. O app, além de ser misturado em idiomas, incluindo inglês e espanhol, não tem atendido adequadamente os usuários. Vivian Caramaschi, de 48 anos, por exemplo, relatou que, após não receber as criptomoedas prometidas, não conseguiu mais acessar sua conta, sendo informada de que seu acesso havia sido bloqueado por atividade suspeita, mas sem explicações claras. >
"Tentei entrar em contato pelo chat do app várias vezes e o problema não foi resolvido. Então, decidi vir aqui na loja. Aí me disseram que talvez eu tenha sido banida por alguma atividade suspeita. Mas que atividade? Não sei, e não deixei ninguém mexer no celular. Perdi a conta e o dinheiro", lamentou, em entrevista ao G1.>
A World oferece como incentivo 20 criptomoedas "Worldcoin" 24 horas após o escaneamento da íris, com o restante do pagamento sendo liberado ao longo de um ano. No entanto, muitos usuários, como Cristiano Barbosa, que registrou sua íris em dezembro de 2024, relataram que o valor prometido não corresponde ao que realmente foi creditado, com valores menores sendo recebidos nas parcelas seguintes. Situações similares foram relatadas por outros usuários. >
Especialistas em direito do consumidor apontam que a World viola direitos básicos do consumidor ao não prestar informações claras sobre o funcionamento do app, sobre o processo de pagamento e a perda de acesso a contas após a desinstalação do aplicativo. A empresa falha em garantir transparência e um atendimento eficaz em português, conforme exigido pela legislação brasileira.>
Dada a alta quantidade de reclamações, advogados orientam que os consumidores afetados podem buscar a invalidação do contrato por meio do Juizado Especial Cível e pedir indenização por danos morais. A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) também está analisando a situação, considerando a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre as denúncias.>