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Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2020 às 10:57
- Atualizado há 2 anos
Um dia após jornalistas se retirarem de entrevista depois de o presidente Jair Bolsonaro estimular apoiadores a hostilizar os repórteres, um segurança da Presidência pediu, nesta quarta-feira, dia 1º, que as pessoas na portaria do Palácio do Alvorada evitassem criticar os repórteres. O pedido foi feito quando Bolsonaro se preparava para deixar a residência oficial.>
"Só peço a vocês que quando o comboio parar aqui, evitar ficar criticando o pessoal da imprensa", disse o segurança. "Infelizmente, eles também estão trabalhando", justificou. Em seguida, Bolsonaro parou para cumprimentar os apoiadores. O presidente não falou com a imprensa.>
No dia anterior, o presidente havia sido questionado sobre declarações do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tem defendido o isolamento social para evitar a propagação do coronavírus no País, na contramão do que tem dito o próprio Bolsonaro.>
"Eu não sei o que ele falou. Eu parto do princípio que eu tenho que ver, não só ler o que está escrito", começou a responder Bolsonaro. Um apoiador, porém, o interrompeu e passou a hostilizar os jornalistas, com xingamentos. Instado a continuar a responder, o presidente afirmou que quem responderia seria o apoiador, que se identificou como "professor opressor".>
"É ele que vai falar, não é vocês não", disse, mandando os repórteres ficarem quietos. Neste momento, os jornalistas que estavam no local, uma área cercada na entrada da residência oficial, se retiraram.>
A atitude surpreendeu Bolsonaro, que questionou: "Vai embora? Vai abandonar o povo? A imprensa que não gosta do povo", disse o presidente.>
Ataques constantes Os ataques contra a imprensa por parte de Bolsonaro têm se tornado constantes nas entrevistas que concede em frente ao Palácio da Alvorada. Na segunda-feira, 30, após ser criticado por especialistas ao contrariar recomendações médicas e circular por áreas comerciais de Brasília, provocando aglomerações, o presidente disse que iria falar sem aceitar perguntas. No início do ano, chegou a mandar um repórter "calar a boca" e a ofender jornalistas que fizeram reportagens que o incomodaram.>
As declarações hostis costumam ter o apoio da claque que diariamente aguarda a saída e a chegada do presidente na residência oficial. Por determinação da segurança presidencial, os jornalistas precisam ficar em uma área cercada por grades, ao lado de onde se concentram os apoiadores.>
Depois de um período em que poucos apareceram por lá por causa das recomendações de se evitar aglomerações, os apoiadores voltaram a ir ao local diariamente, estimulados pelo pronunciamento do presidente do dia 24 de março em que chamou de "gripezinha" a covid-19, que já matou 201 pessoas no Brasil (até a noite desta terça-feira).>