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Larissa Almeida
Publicado em 8 de abril de 2025 às 06:15
As doenças cerebrovasculares, condições que afetam o fluxo sanguíneo ao cérebro, são as que mais matam mulheres no Brasil. A principal doença entre as cerebrovasculares é o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que é responsável pelo maior número de óbitos de pessoas no país – o dado não abarca doenças cancerígenas ou decorrentes de traumas físicos –, especialmente de mulheres. Só em 2023, 51.409 brasileiras morreram em decorrência de AVC, de acordo com dados do DataSUS, plataforma do Ministério da Saúde. >
O quadro de AVC pode ser causado por mais de um fator, daí a divisão da doença em mais de um tipo. O AVC isquêmico acontece quando falta fluxo de sangue para o cérebro, seja pela predisposição à formação de um coágulo, pelo acúmulo de gordura em artérias carótidas (que ligam o coração ao cérebro) e nas artérias cerebrais, ou pela predisposição à formação de trombos – caso característico da trombofilia, doença que favorece a formação de coágulos sanguíneos. >
Outro tipo de AVC é o hemorrágico, que corresponde a 15% do total de doenças cerebrovasculares, segundo afirma Mateus do Rosário, neurologista do HCardio e professor de neurologia na Universidade Estadual da Bahia (Uneb). “São AVCs que acometem a parte de dentro do cérebro. As principais causas para eles é a hipertensão, bem como doenças que diminuem a coagulação do sangue e deixam o paciente com maior tendência hemorrágica”, explica o especialista. >
No grupo do AVC hemorrágico, também há os aneurismas cerebrais e a má formação da artéria venosa, que causam AVCs mais graves. Apesar da diferenciação entre AVC isquêmico e AVC hemorrágico, os sintomas dos dois tipos são semelhantes. “É uma doença que acontece do nada, então os AVCs dificilmente terão os sintomas diferenciados. A maioria deles vão acontecer com sintomas clássicos”, explica Mateus do Rosário. >
Os sintomas incluem dificuldade de fala, assimetria do rosto (boca torta), paralisia de um lado do corpo, tontura que acontece sem motivos e perda súbita da visão (parcial ou total) de um olho. Nos AVCs hemorrágicos, é comum o sintoma de dor de cabeça. Nos casos mais agravados (aneurismas), uma dor de cabeça explosiva. >
Os principais fatores de risco que podem resultar em um AVC são a hipertensão, diabetes, colesterol elevado, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool e sedentarismo. Para prevenir a doença, o ideal é evitar esses outros problemas, quando possível. >
“Uma vez que elas estejam estabelecidas, o ideal é tratar de maneira adequada, seja usando remédio para pressão alta, diabetes, colesterol, buscando perder peso, fazendo exercícios físicos e redução de estresses”, aconselha o neurologista. >
Diante de um quadro de AVC, Mateus do Rosário recomenda que a busca por atendimento seja o mais breve possível. Basta notar um dos sintomas da doença para buscar atendimento móvel de urgência o quanto antes. “O tempo para o tratamento é extremamente importante. Quanto mais rápido o tratamento for implementado, menor a chance de morrer e de ficar sequelado”, frisa. >
De acordo com Mateus do Rosário, as mulheres são mais acometidas pelo AVC após o fim da fase reprodutiva. Isso acontece porque os hormônios, que antes atuavam para manter a mulher fértil e acabavam protegendo os vasos sanguíneos, deixam de exercer essa função. >
“Quanto para AVCs quanto para infartos, as mulheres são protegidas pelos hormônios até a idade que elas param de menstruar. Aos 50 anos, as chances de as mulheres terem uma dessas condições são bem menores do que nos homens. [...] Depois que elas vão envelhecendo, a incidência e a prevalência do AVC e do infarto vão se equiparando aos indicadores dos homens”, explica o especialista. >
No Brasil, em 2023, os homens ainda morreram mais em decorrência das doenças cerebrovasculares do que as mulheres. Foram 53.576 óbitos do sexo masculino, 2.167 ocorrências a mais em relação ao sexo feminino. Os homens, no entanto, morreram mais por causa de doenças isquêmicas do coração. >