Risco de saúde global, superbactéria é detectada no Nordeste

Bactéria foi encontrada em uma mulher de 86 anos com infecção urinária

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Publicado em 3 de outubro de 2024 às 21:58

Bactéria Klebsiella pneumoniae Crédito: Divulgação

Uma cepa da bactéria Klebsiella pneumoniae isolada de uma mulher de 86 anos com infecção urinária, admitida em um hospital em uma cidade da região Nordeste em 2022, mostrou-se resistente a todas as opções de antibióticos disponíveis. A paciente faleceu 24 horas após a admissão naquele centro de saúde.

Um grupo de pesquisadores apoiado pela FAPESP sequenciou o genoma da bactéria e comparou com um banco de dados de 408 outras sequências parecidas. O resultado é alarmante. Trata-se de uma cepa detectada anteriormente nos Estados Unidos e que já estava circulando no Brasil, com risco de se espalhar pelo mundo.

Os resultados foram publicados na revista The Lancet Microbe.

“Ela é tão versátil que se adapta às mudanças de tratamento, já que adquire facilmente outros mecanismos de resistência não contemplados pelas drogas existentes ou pela combinação delas. É possível que se torne endêmica nos centros de saúde em nível mundial”, alerta Nilton Lincopan, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenador do estudo.

O pesquisador coordena a One Health Brazilian Resistance (OneBR onehealthbr.com), plataforma que reúne dados epidemiológicos, fenotípicos e informações genômicas de microrganismos classificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como de “prioridade crítica”.

Essa classificação contempla bactérias com escassas opções terapêuticas disponíveis e que merecem medidas de contenção para não serem disseminadas, além de terem prioridade para a pesquisa e desenvolvimento de novos antimicrobianos.

A plataforma tem apoio da FAPESP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates (leia mais em: agencia.fapesp.br/38186).

Quando encontram cepas multirresistentes como essa, os serviços de saúde devem notificar a vigilância epidemiológica local. O paciente deve ser isolado e a equipe que o trata deve tomar cuidados redobrados para não transmitir a bactéria para outros pacientes.

“Como patógeno oportunista, em pacientes com imunidade normal a bactéria pode nem causar doença. Mas, em pessoas com imunidade baixa, pode ocasionar infecções graves. Em nível hospitalar, pacientes internados em unidades de terapia intensiva [UTIs] ou em tratamento para outras patologias podem adquirir infecção secundária, como pneumonia. Sem tratamentos disponíveis e com o sistema imune deprimido, muitas vezes podem ir a óbito”, conta o pesquisador.

As informações foram divulgadas, nesta quinta-feira (3), no site da CNN.