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Carol Neves
Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 10:46
Willian Barille, de 37 anos, vivia como um empresário de sucesso em áreas nobres da Grande São Paulo e de Florianópolis, onde possuía uma mansão com vista para o mar. No entanto, segundo as autoridades, ele era um dos maiores traficantes do Brasil, conectando organizações criminosas globais, incluindo a máfia italiana. Utilizando o aplicativo secreto SKYECC, Barille comandava uma rede internacional de tráfico de drogas. As informações foram divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo.>
Entre 2018 e 2022, ele movimentou cerca de R$ 2 bilhões no sistema financeiro brasileiro, além de investir em países como Emirados Árabes, Itália e outros da Europa. Dono de nove empresas, Barille usava essas fachadas para lavar dinheiro do tráfico. "Nessas empresas, constatamos várias metodologias de lavagem, como aquisição de bens e estruturação contábil", afirmou o delegado da Polícia Federal Eduardo Versa. >
Conexão com o PCC e o porto de Paranaguá>
Barille era um dos principais aliados do Primeiro Comando da Capital (PCC), fornecendo logística e contatos internacionais. Junto com Edmilson de Meneses, o Grilo, ele enviava cocaína para a Europa pelo porto de Paranaguá. O grupo tinha acesso a informações privilegiadas e corrompia funcionários para inserir drogas em contêineres de empresas idôneas, evitando inspeções físicas. >
"Eles precisam de informações privilegiadas de funcionários do terminal de contêineres", destacou Versa. Barille contratou Jefferson Barcelos, um guarda civil de Paranaguá, para coordenar as operações. A parceria começou em 2019, em uma reunião com a máfia italiana, representada por Nicola Assisi, o "fantasma da Calábria". >
Execuções e novos métodos>
Em 2020, dois carregamentos de Barille, com 770 kg de cocaína, foram roubados. Ele ordenou a execução de Barcelos e de três outros envolvidos. "O guarda caiu. Nós fomos roubados e matamos quem nos roubou", escreveu Barille em uma mensagem enviada a comparsas na Europa. >
Após o incidente, Barille passou a usar aviões particulares para transportar drogas. Em um voo, quase uma tonelada de cocaína foi enviada para Bruxelas, escondida em compartimentos secretos. >
Queda e prisão>
A Polícia Federal, em parceria com autoridades internacionais, monitorou Barille por anos, interceptando suas comunicações no SKYECC. As mensagens revelaram até um plano para resgatar Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, braço direito do PCC preso em Moçambique. Barille ofereceu US$ 2,5 milhões em propina para libertá-lo. >
Em dezembro de 2023, a PF realizou uma operação contra Barille, com buscas em 31 endereços, incluindo sua mansão em Alphaville. Ele ficou foragido por um mês antes de se entregar. A defesa nega as acusações. "Willian Barille desconhece o SKYECC e nunca praticou atos ilícitos", disse seu advogado, Eduardo Maurício. >
No entanto, as autoridades afirmam que Barille comandava uma vasta rede criminosa e já planejava novos crimes. A investigação continua.>