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Da Redação
Publicado em 15 de fevereiro de 2016 às 01:26
- Atualizado há 2 anos
O avanço do processo de cassação da chapa da presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente, Michel Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE impôs ao governo uma nova estratégia para tentar constranger seus adversários das eleições de 2014 cujas prestações de contas aguardam análise da corte. >
A artilharia está voltada para a ex-ministra Marina Silva (Rede que, segundo o PT, ainda deve explicações sobre supostas irregularidades no uso, durante a campanha dela, do avião que caiu em Santos (SP em agosto de 2014 - o presidenciável do PSB, Eduardo Campos, morreu no acidente.>
Também haverá pressão para que as contas do senador Aécio Neves (MG), candidato derrotado do PSDB, sejam analisadas o quanto antes. A Polícia Federal investiga desde 2014 possíveis irregularidades no uso da aeronave durante a campanha presidencial daquele ano pelo PSB, partido pelo qual Marina foi candidata. >
Ela era a vice de Campos e assumiu a candidatura após a morte do governador de Pernambuco. Um dos três donos do avião - que não havia sido declarado à Justiça Eleitoral até a morte de Campos - é o empresário João Carlos Lyra, apontado como “laranja” usado para ocultar a compra da aeronave, que teria entrado na campanha como “caixa 2”.>
Ele também é investigado na Operação Lava Jato suspeito de agiotagem. A ideia do PT é questionar a prestação de contas de Marina sobre o uso do jato. Colaborou para a definição dessa estratégia o fato de Marina ter dito que o caminho para tirar Dilma da Presidência deve ser o TSE, e não o Congresso, onde há a avaliação de que o impeachment perdeu força. >
As declarações da ex-ministra foram mal recebidas pelo governo e pelo PT. Marina disse que a corte eleitoral precisará responder se as doações feitas à chapa de Dilma e Temer pelas empreiteiras investigadas na Lava Jato foram pagas com recursos desviados da Petrobrás.>
Para o PT, se o argumento valer para Dilma e Temer, deverá também ser aplicado no julgamento das contas de seus adversários. O PT protocolou um requerimento que questiona a prestação de contas do PSDB apresentada ao TSE em 2014. O partido aponta irregularidades na documentação enviada pela legenda ao tribunal que comprometem a legalidade do processo. >
O documento afirma que houve a substituição de mais de 2 mil recibos de doações eleitorais, referentes a quase 80% dos lançamentos declarados pelo tucano, além de repasses em dinheiro e contribuições de empresas investigadas pela Operação Lava Jato. Os advogados do PT pedem nova auditoria nas contas de Aécio.>
Na defesa de Michel Temer apresentada na semana passada no âmbito da ação de impugnação de seu mandato, os advogados do vice-presidente acusam a campanha de Aécio de receber R$ 40 milhões das mesmas empreiteiras.>
Além de constranger Aécio e Marina, há uma avaliação de que é importante que as contas de ambos sejam julgadas antes da conclusão sobre o processo contra Dilma e Temer. O motivo é que, caso a petista e o peemedebista sejam derrotados na corte eleitoral, haveria a impossibilidade de que o tucano e a ex-ministra pudessem se candidatar em uma nova eleição em razão de pendências em suas prestações de contas.>
Partidos em situação irregular perdem o direito de receber sua cota do Fundo Partidário e, ao mesmo tempo, os candidatos ficam impedidos de obter a certidão de quitação eleitoral, o que os torna inelegíveis pelo menos até 2018. O prazo, no entanto, para que a corte eleitoral julgue as contas dos candidatos derrotados é de cinco anos.>
Mas a possibilidade de que uma nova eleição presidencial seja convocada ainda em 2016 pode obrigar os ministros a acelerar a análise dos processos para afastar qualquer questionamento sobre uma nova disputa eleitoral formada por candidatos sem condições de serem diplomados. >
As prestações de contas de Marina e de Aécio no TSE estão em fase de reunião de documentos e análise pela Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias, órgão responsável por reunir os papéis nos quais se basearão os julgamentos dos dois processos pela corte. Antes disso, a assessoria deverá emitir um parecer técnico sobre o material e remetê-lo ao Ministério Público, que também deverá se manifestar.>
O obstáculo para essa estratégia petista é que o tribunal eleitoral costuma permitir que os candidatos regularizem sua situação antes de decidir sobre a documentação. Para Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, não há possibilidade de Marina responder no Tribunal Superior Eleitoral pelo avião Cessna usado na campanha eleitoral, já que a doação foi declarada na prestação de contas feita em nome de Campos.>
“As contas de Campos e de Marina foram apresentadas separadamente. Se houver qualquer questionamento sobre esse assunto, ele será esclarecido, mas não vejo por que isso atrapalharia a candidatura dela”, afirmou Siqueira.>